tag:blogger.com,1999:blog-88753472024-03-07T09:51:00.365+00:00Coroas de PinhoHéliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.comBlogger235125tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-51013691088503544092008-01-03T22:27:00.000+00:002008-01-03T22:29:34.849+00:00AdendaFoi antes do que tinha em mente, mas cá vai. Novo blogue <a href="http://penatespublici.blogspot.com/">aqui</a>, sem garantias de qualquer regularidade de publicações.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-39541936376950468582007-10-20T22:16:00.000+01:002007-10-20T22:35:00.708+01:00Finito!Este blogue termina aqui.<br /><br />Porque se avizinha uma rotina diferente na vida do autor, porque é-me exigido um período de reflexão, porque há ramos doentes por cortar e porque, na antevisão de novos começos, pede-se que se abra uma nova página depois de se por outras tantas para trás das costas (<em>and not in the good way</em>). Ficam duas certezas: que este blogue não será apagado nos próximos tempos e que parte do que aqui foi escrito será posteriormente reeditado, <em>quiça</em> de um modo mais refinado, num novo blogue a abrir num futuro não muito distante e que será devidamente anunciado neste espaço.<br /><br />Um agradecimento aos leitores do Coroas. Durante este interregno ver-nos-emos apenas pelas caixas de comentários.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-QZDo5f_BwW7g9PM2Zl54NOMbfoB7CTkbYE7xQ57vWX_lJXn_1FCHFr7t5_fgAF97IB3NUqjjv1VgA7LMHUbRkklpnJMxaBib_3yrDZ9jzVRpJGHMGtVNx2szTCotH8pqaA5cUw/s1600-h/Pinho+06.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5123535514168463858" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-QZDo5f_BwW7g9PM2Zl54NOMbfoB7CTkbYE7xQ57vWX_lJXn_1FCHFr7t5_fgAF97IB3NUqjjv1VgA7LMHUbRkklpnJMxaBib_3yrDZ9jzVRpJGHMGtVNx2szTCotH8pqaA5cUw/s320/Pinho+06.jpg" border="0" /></a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-14283672781971535762007-09-18T16:55:00.001+01:002007-09-18T16:58:18.744+01:00Sentar e olhar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTMhklOkVaSuHv-_9PVd5qYkSeEN5G1p1JXn-nU3zKyYms2zLq8JEMiMhlHGRzbOT5jd_Tsrl76EuZNM6IfHTQxl5okY7WAlttTthvzEZ53fCqqQuQAExU35nsXCzSHjF_YkW19Q/s1600-h/Encruzilhada.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5111573681005873938" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTMhklOkVaSuHv-_9PVd5qYkSeEN5G1p1JXn-nU3zKyYms2zLq8JEMiMhlHGRzbOT5jd_Tsrl76EuZNM6IfHTQxl5okY7WAlttTthvzEZ53fCqqQuQAExU35nsXCzSHjF_YkW19Q/s320/Encruzilhada.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><div>À espera de descobrir se este blogue termina e se tem ou não sucessor...</div>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-5092233568955729302007-08-14T14:26:00.000+01:002007-08-14T21:47:22.031+01:00Batalha de Aljubarrota - 622 anosFoi numa quente tarde de 14 de Agosto de 1385 que Portugal vingou nos campos de São Jorge, seis mil portugueses e uns quantos ingleses contra trinta mil castelhanos e um punhado de franceses. Foi no confronto que recebeu o nome de Aljubarrota que o Mestre de Avis confirmou a sua eleição como rei D. João I de Portugal. Foi no dia de hoje, há 622 anos atrás, que Nuno Álvares Pereira viveu a sua hora mais alta enquanto génio militar, devoto patriota e líder de força anímica. Com ele triunfou em definitivo a revolução portuguesa de 1383: a independência estava garantida, uma nova dinastia fundada e abria-se um novo capítulo durante o qual nos iriamos inscrever na História e cultura universais. O pai da <em>Ínclita Geração</em> fazia-se rei e o nosso país entrava num dos períodos mais abertos e cosmopolitas da sua existência enquanto Nação.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMabvLExUERMABJ9k6S-80CJaxL_vs445HDK5YJP7k07aC5_3z1-gsgxtBZ5XlLHwmiMUr7ASj1u3wtIsmPs2MDgNx-xuYI0fyJHnsV9DX1q735sTPFIQtnh71LoNyqKjRNwn-rw/s1600-h/Aljubarrota+02.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5098604895424387298" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMabvLExUERMABJ9k6S-80CJaxL_vs445HDK5YJP7k07aC5_3z1-gsgxtBZ5XlLHwmiMUr7ASj1u3wtIsmPs2MDgNx-xuYI0fyJHnsV9DX1q735sTPFIQtnh71LoNyqKjRNwn-rw/s400/Aljubarrota+02.jpg" border="0" /></a><br />Num Portugal ideal, hoje e não amanhã seria feriado nacional. Honrar-se-ia não uma religião em particular, mas antes a mais mítica e aclamada de todas as batalhas portuguesas, aquela que mais povoa o imaginário popular e é sinónimo de identidade portuguesa. Prestar-se-ia a devida homenagem a homens como o Santo Condestável e a todos os que morreram pela Pátria, tanto naquela tarde de 14 de Agosto, como nos séculos anteriores e posteriores. Num Portugal ideal, hoje seria dia para os recordar, a eles e ao triunfo do engenho, do saber, da coragem e da confiança contra adversários maiores. Fica a nota, ainda que sem o muito merecido feriado.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-62164163626465470072007-07-25T16:24:00.000+01:002007-07-25T16:37:09.827+01:00Mulheres contra-natura<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijs_JcGGQEBc0qbQMy90RnXGZdnzzFbsZCkg3DqGtVMZHbTmuYLqojcvu1-MZEGN7oNmtHLPPrRZcPCYCFprOM44VzP5Dp4Q6jcR9CQeREDjfB2k4YDNv_RWLHtnwMiLpZSZ_YJQ/s1600-h/Freiras+02.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5091158969683346034" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijs_JcGGQEBc0qbQMy90RnXGZdnzzFbsZCkg3DqGtVMZHbTmuYLqojcvu1-MZEGN7oNmtHLPPrRZcPCYCFprOM44VzP5Dp4Q6jcR9CQeREDjfB2k4YDNv_RWLHtnwMiLpZSZ_YJQ/s320/Freiras+02.jpg" border="0" /></a><br />Rafaela Fernandes, deputada no parlamento regional da Madeira pelo PSD, é da opinião que <a href="http://dn.sapo.pt/2007/07/25/nacional/a_funcao_mulheres_da_procriacao.html">"a função das mulheres é, precisamente, a da procriação"</a>, apelidando o aborto de decisão contra-natura. Esperemos que a dita senhora se manifeste de igual modo contra as mulheres que de sua livre vontade decidem ingressar na celibatária vida religiosa do catolicismo e que demonstre a mesma revolta da próxima vez que a Igreja Católica lançar uma campanha de apelo à vida clerical. Há que ser coerente, cara Rafaela Fernandes!Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-79122963521268852622007-07-25T14:58:00.000+01:002007-07-25T15:46:39.736+01:00Dia da Galiza<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCPjpD0pCu00IU0MNT7XOs9YMUXq22REeFTlnawaeqs4n9h7VNfO0FOkOSTDJpxjpBCb1oPOBmkC071cf-CoeMbaoOSEgaUN1YDEYqXPhXtei7I7MyM9-dYM-kgaHWHCWuojcLng/s1600-h/Galiza+01.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5091145930162635346" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCPjpD0pCu00IU0MNT7XOs9YMUXq22REeFTlnawaeqs4n9h7VNfO0FOkOSTDJpxjpBCb1oPOBmkC071cf-CoeMbaoOSEgaUN1YDEYqXPhXtei7I7MyM9-dYM-kgaHWHCWuojcLng/s200/Galiza+01.gif" border="0" /></a>Tradicionalmente o Dia de Santiago, 25 de Julho é também o Dia da Galiza. A escolha da data não está isenta de polémicas pelas tradições político-religiosas que lhe estão associadas, mas para efeitos oficiais é hoje a efeméride em que se honra a Pátria Galega. O dia interessa a um português porque não se está a comemorar Espanha no seu conjunto, mas apenas a nacionalidade história de uma parte do Estado espanhol, mais concretamente aquela que foi o berço da língua portuguesa e a génese de Portugal.<br /><br />Não é demais lembrar que a lusofonia nasceu na Galiza, que D. Afonso Henriques falava na mesma língua que era usada a norte do rio Minho e que as conquistas portuguesas levaram o idioma para sul até ao Algarve. Há que lembrar que El-Rei D. Dinis escreveu em galego-português medieval e que foi essa a língua, a originária da Galiza, que ele tornou oficial em Portugal e que constitui a forma antiga do idioma português. Há que ter em mente que a quebra dessa unidade linguística ainda no século XV não se ficou a dever a uma hipotética evolução natural do galego, mas que teve origem na imposição do castelhano como única língua das elites políticas e religiosas na Galiza, levando a que a norte do rio Minho o nosso idioma ficasse privado de protecção oficial, de uma tradição escrita erudita e se resumisse à quase completa oralidade. Muito ao contrário do que sucedeu com o galego-português em Portugal. Foi preciso esperar pelo século XIX para na Galiza surgirem homens e mulheres de cultura que voltassem a tentar escrever a sua língua nativa e neles encontrava-se já a génese do reintegracionismo galego, ou seja, da recuperação da forma nativa língua galega, naturalmente limpa do peso de séculos de influência do castelhano, próxima do português padrão e, como tal, parte da Lusofonia. Não foi por mero acaso que as reuniões que deram origem aos dois Acordos Ortográficos da Língua Portuguesa contaram com a presença de uma delegação galega.<br /><br />Tudo isto faz de portugueses e galegos irmãos, de Portugal e da Galiza nações gémeas, porque de um único núcleo nasceram as duas. Basta recordar que a faixa noroeste da Península Ibérica era tido como parte do território galego nos primeiros séculos da "Reconquista Cristã", que quando <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_I_of_León">Fernando I</a> de Leão e Castela morreu e o seu império foi dividido pelos seus filhos, a <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Garcia_II_of_Galicia">Garcia</a> coube o Reino da Galiza no qual se inseria o Condado Portucalense. Foi contra o mesmo Garcia, aliás, que o conde portucalense <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Nuno_Mendes">Nuno Mendes</a> tentou, sem sucesso, declarar em 1071 a independência de Portucale. A sua derrota daria, no entanto, origem ao Reino da Galiza e Portugal, o mesmo que a mãe de Afonso Henriques e Fernão Peres de Trava tentaram recriar.<br /><div></div><br /><div>Do sul para o norte do rio Minho, uma saudação aos galegos e desejos de que um dia sejam uma nação soberana.</div>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-3965768957443590152007-07-19T15:36:00.000+01:002007-07-19T20:15:11.913+01:00Dois orçamentos e duas medidasO mesmo PSD que há quase um mês atrás avançou com <a href="http://pinhoada.blogspot.com/2007/06/pobreza-democrtica-de-marques-mendes.html">esta</a> proposta para a reforma do sistema eleitoral que, entre outras coisas, postulava uma redução do número de deputados em nome da eficiência e da poupança, veio agora votar favoravelmente uma proposta que permite que cada parlamentar tenha o seu próprio assistente (notícia <a href="http://dn.sapo.pt/2007/07/19/nacional/novo_estatuto_estabelece_assessor_in.html">aqui</a>).<br /><br />Há obviamente um problema de prioridades. Numa democracia plural e salutar, o normal seria manter ou até aumentar o actual número de deputados de modo a preservar ou melhorar a diversidade e representatividade político-partidária no hemiciclo. Basta lembrar que o parlamento sueco tem 349 deputados para uma população de nove milhões, ou que o parlamento finlandês tem 200 deputados para cerca de cinco milhões e duzentos mil habitantes. Em Portugal somos pouco mais de dez milhões, temos 230 representantes da Nação na Assembleia da República e, ainda assim, o PSD acha que são demais e quer reduzi-los para 180. Já no que diz respeito a serviços de assessoria, o mesmo partido é favorável a um aumento de pessoal de modo a que cada deputado tenha o seu próprio assistente, como se o argumento economicista que pretende limitar a pluralidade parlamentar fosse convenientemente esquecido a bem de mais clientelismo. Porque, afinal, um assessor para cada parlamentar equivale, em termos práticos, ao mesmo que duplicar o número deputados, logo há obviamente uma inversão de critérios no que ao gasto do orçamento parlamentar diz respeito. Prefere-se bipolarização a pluralismo, clientelismo a diversidade parlamentar.<br /><br />Argumenta o socialista António Seguro a favor da medida que, e passo a citar, "um bom exercício da função de deputado justifica o apoio. Nem toda a despesa é má despesa, a eficiência não se obtém a custo zero". Certamente que não, mas há investimentos e investimentos. Há os necessários e há os despesistas e de despesismo percebemos nós quando se trata de contratar assessores, consultores, assistentes e secretários para os dirigentes locais e nacionais. Veja-se o caso recente da Câmara Municipal de Lisboa. Ou, a título de exemplo, considere-se o seguinte:<br /><br />Porque é que o Presidente da República português, chefe de Estado com poderes mínimos, precisa de 39 consultores e assessores só na Casa Civil, quando a Presidente da Finlândia, chefe de Estado com funções mais vastas que as de Cavaco Silva, tem apenas 11 pessoas no seu serviço de apoio, conselheiros e ajudantes militares incluidos? Se não acreditam, comparem <a href="http://www.presidencia.pt/?idc=20&idi=238">aqui</a> e <a href="http://www.presidentti.fi/netcomm/news/ShowArticle.asp?intNWSAID=34173&LAN=EN">aqui</a>. Não consta que a Finlândia esteja pior que Portugal, apesar de ser mais contida nas despesas de eficiência com serviços de assessoria...Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-57748083083578804862007-07-19T00:18:00.000+01:002007-07-19T14:31:48.990+01:00In Memoriam Dona Filipa de Lencastre<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz2hzuukn686m7Lbk6QZnjpFfnLRMBZhmgnS7EKBu2QNYwRHa8R1z-kV5R239z-OdC3KIzBmSt2znFA9LE30WPE-ChwdRMA46aLKtZJc18qOax3GLIHtSLZZ-6_tZJ1Os-53lD7Q/s1600-h/Filipa+de+Lencastre.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5088725383074387874" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiz2hzuukn686m7Lbk6QZnjpFfnLRMBZhmgnS7EKBu2QNYwRHa8R1z-kV5R239z-OdC3KIzBmSt2znFA9LE30WPE-ChwdRMA46aLKtZJc18qOax3GLIHtSLZZ-6_tZJ1Os-53lD7Q/s200/Filipa+de+Lencastre.jpg" border="0" /></a>A 19 de Julho de 1415, faz hoje exactamente 592 anos, morria a rainha portuguesa Dona Filipa de Lencastre, mulher de El-Rei D. João I e mãe de uma das mais brilhantes gerações de toda a nossa História e à qual é justamente dado o epíteto de <em>Ínclita</em>.<br /><br />Filha de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/John_of_Gaunt,_1st_Duke_of_Lancaster">João de Gaunt</a> e <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Blanche_of_Lancaster">Blanche de Lencastre</a>, Filipa nasceu em Inglaterra a 31 de Março de 1360. O seu pai, filho do rei <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_III_of_England">Eduardo III</a>, era já um senhor inglês poderoso quando em 1377 foi feito regente de Inglaterra devido a menoridade do seu sobrinho e recém-coroado <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Richard_II_of_England">Ricardo II</a>. A política inglesa passava, então, pelas mãos de João de Gaunt e assim continuaria quando em Lisboa se deu a revolução de 1383, a mesma que expulsou do poder <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonor_Teles_de_Menezes">Leonor de Teles</a> e deixou vago o trono de Portugal enquanto o povo lisboeta elegia como Regedor e Defensor do Reino um hesitante D. João, Mestre de Avis. Era o começo do chamado <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_de_1383-1385">Interregno</a> que terminaria apenas ano e meio depois. Pelo meio, Lisboa foi ainda vítima de um cerco castelhano, longo mas mal sucedido por virtude da peste que se abateu sobre os sitiantes, e os portugueses venceram a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_dos_Atoleiros">batalha dos Atoleiros</a>, mérito seja dado a Nuno Álvares Pereira. A 6 de Abril de 1385, as Cortes reunidas em Coimbra escolheram para Rei de Portugal o Mestre de Avis, eleição contestada sem sucesso pelo monarca castelhano nos campos de Aljubarrota a 14 de Agosto desse mesmo ano.<br /><br />Com a independência nacional salva e a dinastia de Avis fundada, D. João I tratou de informar João de Gaunt do sucesso. A guerra com Castela inseria-se no contexto maior do conflito europeu da <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_cem_anos">Guerra dos Cem Anos</a>, na qual Inglaterra lutava contra França. A esta última aliaram-se os castelhanos, enquanto os portugueses, para melhor se oporem ao reino vizinho, juntaram-se aos ingleses. Eis porque em Aljubarrota lutaram também contigentes vindos de Inglaterra e de França, eis porque também o sucesso militar luso abriu caminho para o Tratado de Windsor, ratificado a 9 de Maio de 1386 e que estabeleceu entre os reinos português e inglês uma das mais antigas alianças da Europa. Para cimentar a amizade entre as duas nações, D. João I casaria com a filha de João de Gaunt, Filipa de Lencastre.<br /><br />O matrimónio foi celebrado no Porto em 1387. A nova rainha encontraria uma corte portuguesa pobre e largamente inculta que logo tratou de instruir nos melhores costumes cortesãos da época e de abrir à cultura dos grandes centros da Europa de então. Disso mesmo é prova a requintada educação dos seus filhos, príncipes portugueses que constituiram uma das mais brilhantes gerações que este país já teve. Os infantes <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Infante_D._Henrique">D. Henrique, o Navegador</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro,_Duque_de_Coimbra">D. Pedro, o das Sete Partidas</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o%2C_Infante_de_Portugal">D. João</a>, sucessor de Nuno Álvares no cargo de Condestável, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Infante_Santo">D. Fernando, o Infante Santo</a>, <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Duarte_de_Portugal">D. Duarte</a>, mais tarde soberano de Portugal cognominado de <em>O Eloquente</em> ou <em>O Rei-Filósofo,</em> e ainda a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_de_Portugal,_Duquesa_da_Borgonha">Infanta Isabel</a>, Duquesa de Borgonha por casamento com <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_III,_Duque_da_Borgonha">Filipe III</a>, todos eles foram filhos de Filipa de Lencastre e D. João I. Todos eles, também, foram figuras importantes da cultura e política europeias de então e, por fim, conforme mandava o costume inglês que a sua mãe introduzira na corte portuguesa, todos eles escolheram para si uma divisa, um ideal pessoal ao qual procuravam subordinar a sua conduta individual. <em>Talent de bien faire</em> foi o do Infante D. Henrique, <em>Pour bien</em> o de D. João I, <em>Désir</em> o de D. Pedro, <em>J'ai bien raison</em> o de D. João.<br /><br />Dona Filipa de Lencastre escolheu para si a divisa <em>Il me plait</em>. Adequadamente, já que para a História ficou a memória de uma rainha afável e amada. Indubitavelmente uma Grande Portuguesa vinda de fora, foi ela quem inaugurou o cosmopolitismo, abertura e cultura que caracterizou os Descobrimentos e a primeira metade da dinastia de Avis. Morreu dias antes da partida da expedição a Ceuta, de peste, tal como a sua mãe, não se sabe se em Odivelas ou se em Sacavém. É certo, no entanto, que Dona Filipa de Lencastre deixou-nos a 19 de Julho de 1415. Está sepultada no mesmo túmulo que o seu marido e junto aos dos seus filhos na Capela do Fundador no Mosteiro da Batalha. Dela escreveu Fernando Pessoa o seguinte poema:<br /><br /><br /><div align="center"><em>Que enigma havia em teu seio<br />Que só génios concebia?<br />Que arcanjo teus sonhos veio<br />Velar, maternos, um dia?<br /><br />Volve a nós teu rosto sério,<br />Princesa do Santo Graal,<br />Humano ventre do Império,<br />Madrinha de Portugal!</em></div><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJbbkf69sBH4RP0G5dVrYT9P7SIciytgmvckuJ2VzmwgK3hKm9hQnBLj7Fb93EYsTX9ziJNRISmttkV-ETRy91XFCKw1cNemPSR7T3FJQuzlXJG9SiQDcabU641WJFvzCOr6-0mw/s1600-h/Túmulo+de+D.+João+I+e+Filipa+de+Lencastre+-+02.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5088729192710379474" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJbbkf69sBH4RP0G5dVrYT9P7SIciytgmvckuJ2VzmwgK3hKm9hQnBLj7Fb93EYsTX9ziJNRISmttkV-ETRy91XFCKw1cNemPSR7T3FJQuzlXJG9SiQDcabU641WJFvzCOr6-0mw/s320/T%C3%BAmulo+de+D.+Jo%C3%A3o+I+e+Filipa+de+Lencastre+-+02.JPG" border="0" /></a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-37503635810226780902007-07-15T10:54:00.000+01:002007-07-16T11:32:56.081+01:00Um douto ignorante chamado SaramagoJosé Saramago, exemplo acabado da autocomiseração nacional que se queixa que tudo vai mal e que a democracia portuguesa é rarefeita - não obstante o ter-se pronunciado um apoiante de Fidel Castro - vem em entrevista ao <em>Diário de Notícias</em> dizer que não é profeta, mas que Portugal acabará por se integrar em Espanha. Fala da diversidade linguística e de nacionalidades no país vizinho, de como tudo parece funcionar num sistema justo e equilibrado e que apenas o País Basco pede uma separação de Espanha. Não se sabe muito bem em que país viverá Saramago, se no Estado espanhol ou num ermitério algures no Pacífico, mas a sua ignorância sobre a questão linguística e nacional em Espanha é tal que é motivo para perguntar se o Nobel da Literatura finge não saber porque lhe interessa ou se é pura e simplesmente ignorante. Veja-se alguns dos pontos <a href="http://dn.sapo.pt/2007/07/15/artes/nao_profeta_portugal_acabara_integra.html">desta</a> entrevista.<br /><br /><em><span style="color:#000099;">Quando olhamos para a Península Ibérica o que é que vemos? Observamos um conjunto, que não está partida em bocados e que é um todo que está composto de nacionalidades, e em alguns casos de línguas diferentes, mas que tem vivido mais ou menos em paz.</span> </em><br /><br />Não, caro Saramago, as diferentes línguas não têm vivido em paz. A ditadura franquista apenas admitia o castelhano e procurou extinguir todos os restantes idiomas e nas últimas décadas têm-se multiplicado os esforços para recuperar, normalizar e oficializar plenamente o basco, o catalão e o galego-português nas suas respectivas terras nativas. Das três é a Catalunha a que mais sucessos tem conseguido, com uma orientação reintegracionista oficial nas Baleares e o recentemente aprovado Estatuto de Autonomia que estabeleceu, pela primeira vez, o dever de saber catalão. Um marco importante, tendo em conta que o castelhano era, até há pouco tempo, a única língua cujo conhecimento era um dever legal em Espanha. Co-oficialidade plena implica reciprocidade de direitos e deveres, porque só se assim se atinge completa igualdade linguística no dia-a-dia. Caso contrário, o direito de usar catalão esbarra quando se contacta com uma funcionária, polícia ou juíz que apenas sabe castelhano por não ter o dever de conhecer outro idioma.<br /><br />Já na Galiza e no País Basco, a situação das línguas nativas deixa muito a desejar como se pode constatar através de casos como <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=2895">este</a> em que um basco foi condenado por se recusar a usar um tradutor em tribunal, ou <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=3286">este</a> em que a Guarda Civil na Galiza declarou que iria usar apenas e só o castelhano, ou <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=3261">este</a> que ilustra a dificuldade de educar as crianças galegas em galego, ou <a href="http://agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=2915">este</a> de uma mulher que foi despedida por usar galego, ou <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=2671">este</a> de três pessoas que foram condenadas por se oporem à legalização da toponímia castelhana na Galiza, ou <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=2985">este</a> que demonstra as raízes políticas da marginalização do galego na Galiza e ainda <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=3161">este</a> em que o Tribunal Superior de Justiça da Galiza rejeitou o direito de atendimento em galego. É esta a paz de Saramago? E que dizer ainda dos confrontos linguistícos em Valência, onde o uso e reintegração do catalão é menosprezado, marginalizado e até alvo de agressões como <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=3031">esta</a>? José Saramago ou é cego ou faz-se passar por tal, proclamando noções de paz e justiça tão podres quanto algumas ideias dele.<br /><br /><em><span style="color:#000099;">A única independência real que se pede é a do País Basco e mesmo assim ninguém acredita.</span></em><br /><br />Eis a doce ignorância iberista que prefere fingir que tudo vai bem no Reino de Espanha. Muito se deve esforçar Saramago para ignorar que a Esquerda Republicana catalã, que por acaso até faz parte do governo autónomo catalão, defende a independência da Catalunha e até fez questão de o lembrar recentemente (ver <a href="http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=3708">aqui</a>). Também não lhe deve ter ocorrido que o mesmo defende, em última análise, o Bloco Nacionalista Galego que, vá-se lá saber porquê, é também parte do governo autónomo no seu país e até obteve bons resultados nas últimas eleições galegas. A douta ignorância de Saramago também não contempla certamente os dados dos estudos de opinião que demonstram que mais de 35% dos catalães apoiam a independência da Catalunha, como se pode ver por exemplo <a href="http://blocs.mesvilaweb.cat/node/view/id/35166">aqui</a>. Até já chegaram a ser 43%, mas isto são números que não devem caber na cabeça de Saramago.<br /><br /><em><span style="color:#000099;">Repito que não se deixaria de falar, de pensar e sentir em português. Seríamos aqui aquilo que os catalães querem ser e estão a ser na Catalunha.</span></em><br /><br />O que muitos catalães querem ser é o mesmo que Portugal. O que muitos catalães querem ter é aquilo que nós temos: independência de Espanha! Até porque há motivos históricos para isso: a revolta portuguesa de 1640 resultou porque o Estado espanhol estava ocupado com uma revolta idêntica na Catalunha. A ignorância de Saramago é também histórica, pelos vistos.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-73018439962112883342007-07-14T14:19:00.000+01:002007-07-15T12:49:06.738+01:00Pedalar ou acomodar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzxGGgcJlLUNt7bw5uTRuhA95bsMBya6I0xeLssJg55tUtz2A9DUEhfDCK4uUS42V-hS9LOdES3tFv32mKLLKck2OAXMeKN9zVXrzHcLYpGQRPD4Qjumd1Yanqe3RY-wFKmKbDAg/s1600-h/Bicicletas.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5087070145628182402" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 223px" height="214" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzxGGgcJlLUNt7bw5uTRuhA95bsMBya6I0xeLssJg55tUtz2A9DUEhfDCK4uUS42V-hS9LOdES3tFv32mKLLKck2OAXMeKN9zVXrzHcLYpGQRPD4Qjumd1Yanqe3RY-wFKmKbDAg/s320/Bicicletas.JPG" width="320" border="0" /></a>Diz Vital Moreira <a href="http://causa-nossa.blogspot.com/2007/07/o-prmio-da-demagogia-nas-eleies.html">nesta</a> entrada do <a href="http://www.causa-nossa.blogspot.com/">Causa Nossa</a> que Helena Roseta merece o prémio de demagogia nas eleições municipais de Lisboa por ela ter dado em aparecer de bicicleta na capital portuguesa. Remata o Professor que pedalar na urbe alfacinha (ou no Porto ou em Coimbra) só se for de "mountain bike", ao que eu pergunto se haverá, de facto, demagogia da parte da arquitecta candidata ou se Vital Moreira fala com o mesmo comodismo e falta de visão tão frequente nas elites nacionais.<br /><br />Tendo eu estado um ano na Suécia - e digo isto não para me pavonear, mas para poder afirmar que falo por experiência própria - tive a oportunidade de constatar e experimentar em primeira mão o uso diário e frequente da bicicleta como meio de transporte urbano e até interurbano. Nunca mais me esqueço de nas minhas primeiras semanas em Uppsala, altura em que vivia numa aldeia a dez quilómetros da cidade, ter visto um homem de fato e gravata sair de sua casa no campo e seguir de bicicleta para o seu emprego. Como ele vi outros tantos, desde figuras públicas como o líder da Igreja Sueca a académicos de renome, passando por funcionários do Estado, trabalhadores comuns e estudantes, literalmente milhares de pessoas a darem ao pedal para as suas deslocações diárias, fosse a que horas fosse, nem que morassem fora da cidade. Até porque a rede de ciclovias não existia apenas dentro de Uppsala, mas estendia-se às aldeias mais próximas num raio de pelo menos dez quilómetros.<br /><br />Poder-se-à argumentar que o relevo sueco é propício a isso. Não nego que na Suécia central o terreno não seja em grande parte plano, mas é apenas isso: em grande parte! Tanto a cidade como a paisagem rural em redor têm os seus declives mais acentuados, as suas ruas ou estradas mais inclinadas e muitas delas, ainda assim, com ciclovias. E posso garantir que não é era pela inclinação que as pessoas deixavam de as usar. Em caso de dificuldade, os suecos, sempre práticos, não tinham qualquer problema em desmontar das bicicletas, fazer as subidas mais puxadas a pé e depois prosseguirem novamente a pedal. Na Suécia não se sofre do mesmo comodismo endémico que em Portugal. E tive outra prova disso mesmo quando uma estudante natural do norte sueco - onde o terreno é mais montanhoso - partilhou comigo um detalhe da rotina do seu avô. Ele, vivendo numa casa na encosta de uma colina, tem o mercado mais próximo na parte baixa da localidade, pelo que é seu hábito descer até lá de bicicleta e voltar para casa subindo a pé o que não consegue pedalar. E friso o detalhe de isto ser uma prática de uma pessoa de terceira idade. Olhe-se para os jovens e homens de meia idade portugueses e quantos deles não tremem e reclamam ao mínimo sinal de terreno inclinado...<br /><br />Para mais, do mesmo modo que em Lisboa se aponta o relevo como impedimento à criação de ciclovias, também na Suécia se podia fazer o mesmo com as condições metereológicas. Afinal, sendo um país nórdico, para quê investir em caminhos para bicicletas se eles vão estar cobertos de neve e gelo metade do ano? Se Vital Moreira morasse no norte da Europa talvez ele argumentasse que só com correntes nas rodas e, no entanto, os suecos lá pedalam até no Inverno. Na neve e no gelo se possível e preciso for. E se se depararem com um percurso traiçoeiro ou perigoso há sempre uma solução: desmonta-se e faz-se a pé a parte mais impraticável. Sem comodismos, uma vez mais.<br /><br />Em Lisboa, no entanto, nem nas áreas onde o terreno é plano se vislumbra sequer um projecto de ciclovias. Faça-se a pergunta de quantas estão previstas no famigerado Plano de Reabilitação da Baixa-Chiado para se perceber a importância que as elites não dão aos transportes alternativos. Ou não é a Rua Augusta e respectivas paralelas, o Rossio, os Restauradores, a Praça da Figueira, o Martim Moniz e toda a frente ribeirinha terreno plano? E as avenidas 5 de Outubro, da República e de Berna? A Rua da Palma e a Avenida Almirante Reis? O relevo é propício a bicicletas, o espaço até nem falta, mas o modelo de mobilidade urbana é o mesmo: obsoleto, retrógado e irresponsável! Alguns argumentam que não vale a pena investir em ciclovias para umas quantas áreas dispersas. Discordo. Lisboa tem vias de acesso planas em quantidade suficiente além de que nunca se pensou em cruzar o uso da bicicleta com uma boa rede de transportes públicos para ultrapassar as barreiras naturais mais puxadas.<br /><br />Por exemplo, a Rua da Palma e a Avenida Almirante Reis têm uma inclinação mais leve que a Avenida da Liberdade e vão da Baixa ao Areeiro. Pelo caminho, permitem a ligação por terreno plano à Estefânia e à Praça de Londres por via da Rua Pascoal de Melo e a Avenida de Paris, respectivamente. E uma vez num dos dois sítios têm-se acesso por terreno pouco acidentado ao Técnico, ao Hospital Dona Estefânia, ao Campo Mártires da Pátria, a Picoas e ao Saldanha, às entradas das avenidas 5 de Outubro e da República, à Gulbenkian e à Praça de Espanha. Ao lado do El Corte Inglês, a subida a pé da muito inclinada, mas curta ligação entre as avenidas António Augusto Aguiar e Sidónio Pais dá acesso ao Parque Eduardo VII e Jardim da Amália por via da plana Alameda Cardeal Cerejeira, por sua vez uma rota para as Amoreiras sem ser preciso subir a Joaquim António de Aguiar. E se alguns acham a Avenida da Liberdade demasiado inclinada para subir, todos a acham óptima para descer, pelo que não existe motivo para não ter uma ciclovia para quem queira pedalar num ou em ambos os sentidos.<br /><br />E se o terreno não facilita a vida, porque não adaptar os eléctricos e os elevadores para o transporte de bicicletas no exterior traseiro e frontal? Um cidadão que estivesse na Baixa e quisesse chegar a Picoas podia pedalar até ao Lavra, subir a encosta no elevador e continuar a pedalar já no Campo Mártires da Pátria. Ou subir dos Restauradores até ao Miradoiro de São Pedro de Alcântara pela Glória sem nunca ter que desistir do uso da bicicleta.<br /><br />Dir-se-ia que este sistema não permite o acesso a qualquer rua. Mas também de carro se tem o mesmo problema, com vias interditas ao trânsito e outras apenas com um sentido, obrigando o condutor a dar voltas até chegar exactamente onde quer. E se não é por isso que se diz ser impossível circular de automóvel, porque é que há-de impedir a circulação de bicicletas? Dir-se-ia também que não há espaço para a passagem de mais eléctricos na cidade e que eles entopem o trânsito, mas isso sucede precisamente porque se privilegiou o automóvel individual como meio de transporte em Lisboa. Subjugou-se o modelo de mobilidade e a organização do espaço urbano ao uso do carro em vez de se apostar nos transportes colectivos e alternativos a bem de uma cidade mais harmoniosa, mais saudável, mais ecológica e mais agradável de se habitar. Não houve e, a julgar pelas palavras de Vital Moreira, continua a não haver vontade para acabar com o comodismo generalizado, a não haver coragem, sentido de responsabilidade, visão e um pouco de imaginação para ultrapassar as barreiras naturais e constuir uma Lisboa de século XXI.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-5615358181171296932007-07-12T13:01:00.001+01:002007-07-12T13:22:44.991+01:00Óbidos Medieval 2007Começa hoje mais uma edição do Mercado Medieval de Óbidos. Subordinado ao tema <em>A Terra e o Céu - O Homem e Deus - Religio versus Supertitio</em>, durante dez dias a vila dentro de muralhas vai retroceder no tempo e encher-se de torneios, mercados, artes e ofícios medievais, inúmeros trajados à época, música e recriação do quotidiano e entretenimento de tempos idos. Este ano a organização optou por não emitir um programa integral uma vez que, e passo a citar do <a href="http://mercadomedieval.wordpress.com/">blogue oficial do evento</a>, "os espectáculos e a animação acontecem hora-a-hora. Normalmente, à noite, existe um espectáculo que funciona como atracção maior." Ainda assim, uma apresentação do Mercado Medieval de Óbidos em pdf encontra-se disponível <a href="http://www.obidos.oestedigital.pt/Download.aspx?x=f8a4ade5-a450-4481-b34e-4ff64c8e8d5a">aqui</a>.<br /><br /><div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPBG3V_ek-cMgekpMzT8jrenqdA-Z1KKaLgTF9ggkNtj6VVRexavNOf2ry0zV9VmY5fy0J6-zvdLZRhDWqD6wQUJMQhN9vMSCZ2WTPuOpgBX4wdP6eMHRtuhmWqSbkkDxG2lx9vQ/s1600-h/2006+03.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5086284050648897330" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPBG3V_ek-cMgekpMzT8jrenqdA-Z1KKaLgTF9ggkNtj6VVRexavNOf2ry0zV9VmY5fy0J6-zvdLZRhDWqD6wQUJMQhN9vMSCZ2WTPuOpgBX4wdP6eMHRtuhmWqSbkkDxG2lx9vQ/s200/2006+03.bmp" border="0" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvzj6O6tYHj14UyLJB5PrXhWeBX4q7VTtPn2yc1RFaUstH6tCj8SLqUCVMQ2BcGhDvd3zzzH4Gq8_15oY989Rn_LCEddpFkBMRbvCgL616nnT_uu36f6QbS4CAPXeUCi-3zEAkJA/s1600-h/2006+01.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5086284183792883522" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvzj6O6tYHj14UyLJB5PrXhWeBX4q7VTtPn2yc1RFaUstH6tCj8SLqUCVMQ2BcGhDvd3zzzH4Gq8_15oY989Rn_LCEddpFkBMRbvCgL616nnT_uu36f6QbS4CAPXeUCi-3zEAkJA/s200/2006+01.bmp" border="0" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuJE-p_V7h3ESR8-lQQbRqjetH21dz2CD0BE1Zt1SGywiz0CAu7vCbbK0Kgcxw45z6ka60UJeR_d2VfYoV-2o_RvbDMIK43Af2aKIqheDTw9_edjiZrd8VXX0hYZVX2HDVyIn7sQ/s1600-h/2006+04.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5086284364181509970" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuJE-p_V7h3ESR8-lQQbRqjetH21dz2CD0BE1Zt1SGywiz0CAu7vCbbK0Kgcxw45z6ka60UJeR_d2VfYoV-2o_RvbDMIK43Af2aKIqheDTw9_edjiZrd8VXX0hYZVX2HDVyIn7sQ/s200/2006+04.bmp" border="0" /></a></div><br />Ide a Óbidos e regozijai! :pHéliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-90703344351829605922007-07-12T11:19:00.000+01:002007-07-12T13:00:23.120+01:00A excepção polaca - Protesto (iii)Parece que o secretariado do Partido Socialista Europeu anda a responder às mensagens de protesto. A <a href="http://womenageatrois.blogspot.com/">Fuckitall</a> já recebeu uma resposta e eu dei pela minha há uns minutos atrás. Passo a citar na integra:<br /><br /><span style="color:#000099;">Dear Madam/Sir,<br /><br />It is with great interest that I have received your mail related to the reform of the Treaties, expressing your concerns about the unilateral declaration by Poland on the Charter of Fundamental Rights.<br /><br />As you are probably aware, the Socialist Group in the European Parliament has welcomed the decision of the European Council to convene an Intergovernmental Conference. We also welcomed a number of aspects of the mandate, while regretting some shortcomings and notably the derogations granted to some Member States. As stated in the parliamentary report drafted by PES Member of Parliament Jo Leinen: "The mandate allows for an increasing number of derogations granted to Member States from the implementation of major provisions of the envisaged Treaties that could lead to a weakening of the cohesion of the Union".<br /><br />In this respect we fully share your concerns about the derogation granted to Poland in the field of fundamental rights. We do believe indeed that this derogation may lead to double standards in Europe, and this in a policy area at the very heart of our ethical values.<br /><br />Therefore I can ensure you that our Group will carefully follow the work of the IGC, especially with regard to this matter.<br /><br />Yours,<br />Anna Colombo<br />Secretary General of the PES Group in the European Parliament</span><br /><br />Suponho que seja igual à recebida pela <a href="http://womenageatrois.blogspot.com/">Fuckitall </a>. Afinal, a Europa dos valores essenciais ainda mexe alguma coisa nas altas instâncias políticas comunitárias. Aguardemos por mais respostas e desenvolvimentos, mas enquanto isso o protesto continua!Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-32226812435510543042007-07-10T15:29:00.000+01:002007-07-18T12:46:27.811+01:00A excepção polaca - Protesto (ii)Houve um problema com dois contactos de correio electrónico que estavam, ao que parece, desactualizados. A coisa já foi corrigida e a entrada anterior já contém novos endereços para a Secretária-Geral da Esquerda Unida/Esquerda Verde Nórdica e o Secretário-Geral da Aliança de Liberais e Democratas para a Europa.<br /><br />Aproveito também para informar que já seguiu uma mensagem electrónica para 28 associações e organizações LGBT de quase todos os Estados membros (Polónia incluida) a explicar-lhes o conteúdo da notícia do <em>El Pai</em>s e a pedir-lhes para passarem a palavra e o protesto ao máximo de pessoas possivel nos seus países. As minhas desculpas aos <a href="http://pinhoada.blogspot.com/2007/02/galiza-gay.html">galegos</a> por terem-na recebido em inglês, mas era da maneira que ia logo tudo de uma vez. Quem estiver fora de Portugal, mas dentro da União Europeia pode sempre dar mais um contributo e pedir a amigos e grupos que conheçam para que também eles enviem a mensagem ao Durão e aos grupos parlamentares europeus.<br /><br />Entretanto, aqui vai uma lista dos blogues que até agora se juntaram à campanha:<br /><br /><a href="http://andrebenjamim.blogspot.com/">André Benjamim</a>, <a href="http://a-vila.blogspot.com/">A Vila</a>, <a href="http://cinefilos-anonimos.blogspot.com/">Cinéfilos Anónimos</a>, <a href="http://www.devaneiosdesintericos.blogspot.com/">Devaneios Desintéricos</a>, <a href="http://andmyman.blogspot.com/">Felizes Juntos</a>, <a href="http://www.fractura.net/blog/">Fractura.Net</a>, <a href="http://musicologo.blogspot.com/">Musicólogo</a>, <a href="http://my-hopesanddreams.blogspot.com/">My Hopes and Dreams</a>, <a href="http://obicodegas.blogspot.com/">O Bico de Gás</a>, <a href="http://o-reino-dos-fins.blogspot.com/">O Reino dos Fins</a>, <a href="http://renaseveados.blogspot.com/">Renas e Veados</a>, <a href="http://naovouporai.livejournal.com/">Um átomo a mais que se animou</a>, <a href="http://womenageatrois.blogspot.com/">Womenage a Trois</a>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-1191937330407243772007-07-09T18:37:00.000+01:002007-07-10T17:46:46.935+01:00A excepção polaca - Protesto (i)Conforme foi <a href="http://www.elpais.com/articulo/internacional/excepcion/moral/Kaczynski/elpepuint/20070628elpepiint_8/Tes">noticiado pelo jornal <em>El Pais</em></a> e referido pelo <a href="http://devaneiosdesintericos.blogspot.com/2007/07/europa-dos-direitos.html">Max</a> e pelo <a href="http://renaseveados.blogspot.com/2007/07/excepo-moral-polaca.html">Boss</a>, ainda durante a presidência alemã da União Europeia foi aprovado um documento prévio que deverá dar forma ao novo tratado europeu e que contém, no parágrafo 18, uma cláusula de "excepção moral" que permitirá ao governo polaco vedar aos seus cidadãos o acesso à justiça europeia sempre que considere estar em causa os chamados "valores da família". Como do processo europeu tal como ele está a ser conduzido eu já espero tudo e mais alguma coisa, decidi, em conjunto com o Max, lançar uma nova campanha de envio de mensagens de correio electrónico.<br /><br />O objectivo é simples: evitar que a dita cláusula passe de provisória a efectiva no novo tratado europeu. Para isso proponho que se envie o seguinte texto que coloco aqui já em inglês de modo a ser mais prático:<br /><br /><span style="color:#000099;">Dear Mister/Miss ...,</span><br /><br /><span style="color:#000099;">Europe, as a community united around common political institutions, stands on the principles of Freedom, Equality and Fraternity, respect for Human Rights and the rule of Law. These are essential values of the European process and union and criterions to which applying countries must abide before becoming members and, as such, it is only natural to expect that a new European treaty would uphold those same principles. That is not, however, what one concludes when reading a clause of paragraph 18 of the draft document approved still during the German presidency that seeks to establish a legal exception that allows the Polish government to, according to its particular moral standards, determine if the citizens of Poland may or may not appeal to the European courts.<br /><br />If this clause makes it to the final version of the new European treaty, it will, in practice, pronounce the end of the rule of Law in the European Union and, as a consequence, the disrespect of one of the basic principles on which a united Europe was built. It would equal to an acceptance that fundamental Rights and Duties apply differently to different European citizens depending on the private moral standards of the members of their national governments. It would equal to an acceptance that the right to appeal to a European court would depend on the moralist approval of a national executive. It would, in the end, be reason enough to ask why is Turkey denied the right to be part of the European Union based on its disrespect of Human Rights when Poland is allowed an exemption on that same topic.<br /><br />As such, as a European, I come to ask you to prevent the inclusion of that clause of paragraph 18 in the final version of the new European treaty so that it may preserve and uphold the principle that in the European Union fundamental Rights and Duties apply to all its citizens regardless of their nationality, political opinions, race, religious belief, gender or sexual orientation.<br /><br />Signed,</span><br /><span style="color:#000000;"></span><br />Segue-se a lista de destinatários e respectivos endereços para onde devem enviar a mensagem. Enviem para todos eles de modo a maximizar o protesto:<br /><br />Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia: <a href="mailto:sg-web-president@ec.europa.eu">sg-web-president@ec.europa.eu</a><br />Anna Colombo, Secretária-Geral do Partido Socialista Europeu: <a href="mailto:anna.colombo@europarl.europa.eu">anna.colombo@europarl.europa.eu</a><br />Maria D'Alimonte, Secretária-Geral da Esquerda Unida/Esquerda Verde Nórdica: <a class="bodytext" href="mailto:maria.dalimonte@europarl.europa.eu">maria.dalimonte@europarl.europa.eu</a><br />Alexander Beels, Secretário-Geral do Grupo da ALDE: <a href="mailto:alexander.beels@europarl.europa.eu">alexander.beels@europarl.europa.eu</a><br />Partido Popular Europeu: <a href="mailto:epp-ed@europarl.europa.eu">epp-ed@europarl.europa.eu</a><br />Verdes/EFA: <a href="mailto:contactgreens@europarl.europa.eu">contactgreens@europarl.europa.eu</a><br /><br />Para o Primeiro-Ministro Português só mesmo copiando a mensagem e enviando por <a href="http://www.pcm.gov.pt/Portal/PT/Geral/Contactos.htm">aqui</a>.<br /><br />Bem sei que são muitos contactos, mas, à excepção do Sócrates, basta copiar todos os endereços e enviar de uma vez só para a Comissão Europeia e os grupos políticos do Parlamento Europeu. Agradecia aos blogueres que aderirem à campanha que deixassem uma nota na caixa de comentários de modo a manter-se uma lista actualizada da adesão.<br /><br />Agora é convosco!Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-39041681355517589132007-07-08T12:40:00.000+01:002007-07-08T20:42:47.653+01:00E depois os gays é que estão "baralhados"A II Marcha do Orgulho LGBT do Porto teve lugar ontem, contando com a participação de mais de duzentas pessoas, a presença da realizadora Raquel Freire - uma das madrinhas do evento - e o apoio da Juventude Socialista, do Bloco de Esquerda e do Partido Humanista, cujos representantes se juntaram à manifestação. Lendo <a href="http://www.rtp.pt/index.php?article=289795&visual=16">esta</a> notícia da RTP sobre o evento, descobre-se que houve um senhor que assistia e que ficou "baralhado" por ter visto marchar dois conhecidos seus. A mesma pessoa terá dito ainda, e passo a citar, que teria "um grande desgosto se tivesse um filho ou um neto assim".<br /><br />O que este caso revela é aquilo que já aqui se tinha dito <a href="http://pinhoada.blogspot.com/2007/06/orgulho-sem-dvida_25.html">anteriormente</a>: numa sociedade onde a heterossexualidade é tida como norma, qualquer pessoa é heterossexual até prova em contrário. A homossexualidade não se manifesta na cor da pele, cabelo ou olhos, não provoca uma fisionomia distinta e não origina qualquer maneirismo que seja universal a todos os gays e lésbicas. Por isso mesmo o tal senhor ficou "baralhado" quando viu dois conhecidos seus, porque ele, como todos os portugueses, cruzam-se e convivem diariamente com homossexuais que, por não exteriorizarem a sua orientação sexual por vontade própria, são tidos como heterossexuais. E minorias silenciosas e invisíveis são minorias que não podem ser objecto de direitos por não existirem aos olhos da sociedade e da classe política, motivo pelo qual elas precisam de se manifestar em marchas como a que o tal senhor acha "nojenta". Mal deve ele desconfiar que todos os dias, ao sentar-se diante da televisão, passa-lhe pela vista uma série de gays e lésbicas a apresentar reportagens e noticiários, programas de entretenimento, a representar em telenovelas e até a jogar dentro das quatros linhas dos campos de futebol. Aliás, nunca lhe deve ter ocorrido a possibilidade de alguns dos jogadores de futebol cujos posteres são exibidos nas paredes dos quartos dos filhos ou netos poderem ser homossexuais. O mundo do desporto, tal como qualquer outra actividade profissional, não está isento de diversidade de orientações sexuais. Descobri-lo iria certamente deixar o dito senhor ainda mais "baralhado", ou não estivessemos nós num país onde todos são heterossexuais até prova em contrário e onde o facto de não haver uma única grande figura pública que tenha a coragem de ser honesta apenas atrasa a igualdade de direitos entre Portugueses. O que seria um Portugal onde um Cristiano Ronaldo se assumisse como homossexual?<br /><br />Já agora, se não há uma marcha do orgulho heterossexual - a critica tantas vezes proferida pelos homofóbicos ou casos de armário interiorizado - é precisamente porque ninguém tem "um grande desgosto" por ter um filho ou neto que goste do sexo oposto. Aos heterossexuais os seus pais, o Estado e os tribunais não dizem que eles devem ter vergonha ou medo de serem como são.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-15237255967658243812007-07-06T15:48:00.000+01:002007-07-07T18:40:49.802+01:00Em honra de Apolo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNdR1yO_Yzb_22J0z0Zk0DgYcVoH4AZgd2N3auXq0Ylhi-6yMzI1Iuu9hNgogqrGXhERS7-_VCz5zEMlaJlRV52A3XyjmEccwgseO5rxsV5Pkbm8F9dxDJHfgHflIW2a62S8c4lw/s1600-h/Apolo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5084112509457864818" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNdR1yO_Yzb_22J0z0Zk0DgYcVoH4AZgd2N3auXq0Ylhi-6yMzI1Iuu9hNgogqrGXhERS7-_VCz5zEMlaJlRV52A3XyjmEccwgseO5rxsV5Pkbm8F9dxDJHfgHflIW2a62S8c4lw/s200/Apolo.jpg" border="0" /></a>O sexto dia de Julho, <em>Quinctilis</em> na denominação antiga dos meses romanos, assinalava o começo dos <em>Ludi Apollinares</em> ou os Jogos de Apolo desde a sua instituição como celebração permanente pelo Senado de Roma em 211 ou 208 a.c. O grande sacrifício tinha lugar a 13 de Julho, no culminar de oito dias de desporto e teatro em honra do deus grego que os romanos tomariam também como seu.<br /><br />A origem do culto romano de Apolo remontará a 431 a.c., quando, reza a tradição, um rei de Roma terá enviando um emissário ao Oráculo de Delfos para pedir uma solução para a peste que na altura assolava a cidade. Um <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Temple_of_Apollo_Sosianus">templo a <em>Apollo Medicus</em></a> foi então erguido nos campos flamínios e aí o deus recebeu culto à maneira grega até à <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Second_Punic_War">Segunda Guerra Púnica</a>, quando a derrota romana na <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Cannae">batalha de Canas</a> levou o Senado a consultar o oráculo do vidente Marcius e os <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Sibylline_Books">Livros Sibilinos</a>. Em 212 a.c., estes aconselharam a realização de jogos em honra de Apolo para que o deus ajudasse a expulsar os cartagineses de Itália e protegesse Roma de outros perigos, tendo cada cidadão romano contribuido para ajudar a pagar as despesas da festividades. Os jogos duraram apenas um dia e tiveram lugar no <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Circus_Maximus">Circus Maximus</a>, repetindo-se nos anos seguintes até 208 a.c., altura em que com uma nova peste a assolar Roma os <em>Ludi Apollinares</em> foram instituidos pelo Senado de modo permanente e cresceram até durarem oito dias inteiros. Séculos mais tarde, o imperador Augusto faria de Apolo uma das grandes divindades de Roma ao aumentar o templo nos campos falmínios, dedicar ao deus parte dos despojos da <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Actium">batalha de Accio</a> e construindo um <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Temple_of_Apollo_(Palatine)">novo templo</a> na colina do Palatino.<br /><br />Praticantes modernos do politeísmo romano preservam o culto de Apolo, adorando-o, como é tradição, segundo o rito grego (consultar ligações finais). Este blogue presta com esta entrada a sua homenagem ao deus artista e luminoso. <em>Salvé!</em><br /><br /><a href="http://www.novaroma.org/nr/Guide_to_Sacrifice">Guia de Sacrifícios</a> (Nova Roma)<br /><a href="http://www.templeapollo.com/">Templo de Apolo</a> (Grego)Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-82129998612768842162007-06-28T11:14:00.000+01:002007-06-28T11:59:46.741+01:00Fumar na mesma como a lesma<em>Inicialmente, era interdito fumar em todos os estabelecimentos de restauração com menos de 100 m2. Na versão final, os proprietários poderão escolher se os espaços são livres de fumo ou para fumadores</em><br /><br />As frases citadas são um excerto <a href="http://dn.sapo.pt/2007/06/28/nacional/ps_mantem_pesada_multas_tabaco.html">desta</a> notícia do Diário de Notícias. O PS, fazendo honra aos brandos costumes da política portuguesa (frouxidão, portanto), acabou por recuar na nova lei do tabaco e parece que agora os donos dos estabelecimentos de restauração com menos de 100 m2 vão poder escolher entre proibir ou não proibir o consumo de tabaco. Chamam-lhe uma lei equilibrada e ponderada, eu chamo-lhe uma receita para ficar quase tudo na mesma como a lesma.<br /><br />A partir do momento em que a proibição deixa de ser igual para todos e passa a depender da vontade do proprietário, o cenário mais óbvio é que nada vai mudar, porque poucos ou nenhuns correrão o risco de proibir tabaco no seu espaço com medo de perder clientes para qualquer outro estabelecimento onde se possa fumar à vontade. A certeza da lei dá lugar à dúvida sobre a concorrência, as preocupações com a saúde alheia perdem importância face a leis de mercado. De responsável e ponderado isto não tem nada, é apenas mais uma amostra daquele modo muito peculiar de fazer política em Portugal: mudar para que fique tudo na mesma. E ainda por cima com o contributo de partidos de esquerda! Nunca se sabe mesmo quem serão os próximos a dar o seu aval a formas questionáveis de livre concorrência...<br /><br />Pela minha parte, os meus amigos ficam já avisados que terão que me chatear mesmo muito para me convencerem a entrar em locais fechados onde seja permitido fumar. É que se o mecanismo de mudança de hábitos e protecção da saúde não é a legislação responsável, mas sim o peso do dinheiro, então podem ter a certeza que farei sobre os proprietários o mesmo tipo de pressão que os fumadores.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-43783041843363500302007-06-25T17:12:00.001+01:002007-06-26T04:43:22.343+01:00Orgulho, sem dúvida!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiBwH7YkF0OD5PcVoBefDxOlU1hZY3ZwU3JyBb-CaqwbQe7FFVD04kiO4s8Gh-U3KZJ-ltriXvUvi0fq-3KucCG5qegRefjDD0cEOhAtrw6cOeqAx4dFm8Gn5kmpOL3rerMPX2Qw/s1600-h/Gay+02.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5080036714451873122" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiBwH7YkF0OD5PcVoBefDxOlU1hZY3ZwU3JyBb-CaqwbQe7FFVD04kiO4s8Gh-U3KZJ-ltriXvUvi0fq-3KucCG5qegRefjDD0cEOhAtrw6cOeqAx4dFm8Gn5kmpOL3rerMPX2Qw/s200/Gay+02.jpg" border="0" /></a>Sempre que há uma Marcha do Orgulho LGBT, há sempre quem venha criticá-la. É assim todos os anos e há-de continuar a ser por muito tempo. Acusam a iniciativa de ser exibicionista, de em nada contribuir para a igualdade de direitos, de ser uma forma de gueto auto-imposto e de a orientação sexual não ser algo de que se possa ter orgulho. Este último argumento é até rematado com a costumeira ideia de que não há um dia do orgulho heterossexual ou do ridículo que é celebrar o "orgulho branco". Um exemplo dessa linha de pensamento pode ser lido <a href="http://cachimbodemagritte.blogspot.com/2007/06/orgulho-qu.html">aqui</a>. O que falta, no entanto, a quem critica ou manda abaixo, seja por homofobia ou por caso de armário interiorizado, é a percepção do que é ser homossexual e as discriminações a que se está sujeito por isso.<br /><br />Vamos começar pelo básico. O que é a homossexualidade? É a atracção e comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo. Desenvolve naturalmente o mesmo tipo de manifestações que a heterossexualidade: expressão de sentimentos e afectos, relacionamento amoroso entre parceiros e, eventualmente, vida conjugal. É um homossexual identificável na via pública? A menos que exteriorize a sua orientação sexual por vontade própria, não, não é. Um homossexual não tem uma fisionomia distinta, nem os lugares-comuns de serem efeminados, no caso dos homens, ou masculizadas, no caso das mulheres, são uma necessidade natural ou um impulso genético. Isto quer dizer que todos os dias as pessoas são capazes de se cruzar, conversar ou sentar-se ao lado de homossexuais sem que disso tenham consciência. Na maior parte dos casos nem sequer assumem ser essa a orientação sexual da pessoa ao seu lado, uma vez que, numa sociedade que considera a heterossexualidade a norma, qualquer pessoa é heterossexual até prova em contrário. É assim sem exagero. A menos que uma pessoa o exteriorize - por maneirismos, tipo de roupa ou por manifestação pública de afectos - ninguém assume que A ou B é homossexual. O mesmo não sucede com outros grupos que são tradicionalmente vitimas de discriminação: racista, no caso dos de fisionimia distinta; misógena, no caso dos de sexo diferente. Toda e qualquer pessoa de raça ou sexo diferente tem características distintivas naturais imediatamente perceptíveis.<br /><br />Os homossexuais não: podem ser negros, brancos ou orientais, podem ser homens ou mulheres, podem professar qualquer uma das religiões existentes ou nenhuma, podem ter problemas de mobilidade ou não, podem ser de qualquer filiação política, desportiva ou nenhuma, podem ser de qualquer nacionalidade, estrato social, grau de instrução ou profissão. São, por outras palavras, uma minoria imperceptível até prova em contrário. Pior que isso, são uma minoria cujo elemento identitário comum está directamente relacionado com tabus sexuais, o que apenas acresce ao silêncio a que a homossexualidade é muitas vezes sujeita. Daí a necessidade de os homossexuais se exporem, de se manifestarem, de virem para rua dizer o que são. Porque os tabus quebram-se expondo o que eles procuram silenciar, porque minorias cuja existência não é proclamada e constatada não são objecto de direitos. Os heterossexuais não andam a dizer qual a sua orientação sexual, porque ela já é socialmente assumida. Negros e mulheres não andam a dizer que são negros ou mulheres porque o seu corpo já o faz por si. Os homossexuais não e por isso eles e elas têm que manifestar a sua sexualidade por outros meios, incluindo a polémica marcha, sob pena de não terem igualdade plena na lei e na vida quotidiana.<br /><br />Porquê <em>Orgulho LGBT</em>? Porque todos os dias há homossexuais, bissexuais e transsexuais a quem lhes é dito que eles deviam ter vergonha. Vergonha de serem como são, de andarem de mão dada com o namorado ou namorado, de darem um beijo na rua, de exteriorizarem sentimentos em público, de quererem partilhar uma vida com outra pessoa do mesmo sexo, por terem tomado a decisão de mudar de sexo... a lista é, infelizmente, enorme. Depois há que lhe acrescentar ainda as ofensas verbais ou agressões físicas de que são alvo, o desdém com que são tratados pelo poder político, pela justiça e pelas força policiais, as dificuldades por que passam no emprego... é preciso continuar?<br /><br />Quando lésbicas, gays, bis e transsexuais passam por todas estas coisas, eles têm mais que motivos para virem para a rua gritar que têm orgulho em ser como são. É uma resposta à vergonha e medo que outros querem que eles sintam. Claro que os heterossexuais não precisam de se dizer orgulhosos da sua sexualidade, eles já podem beijar-se na rua, restaurantes e bares, não se arriscam a sofrer represálias dos pais se disserem que gostam do sexo oposto, não são ignorados ou gozados pela polícia e tribunais por serem heterossexuais, podem casar-se se assim o quiserem, ninguém os olha de lado por terem ou quererem ter uma vida conjugal. Os homossexuais não. E por isso mesmo saem à rua. Se não forem eles mesmos a dizerem que existem, ninguém o fará por eles. O seu próprio corpo não o faz por eles. E se eles não existirem aos olhos da sociedade e do poder político, não têm direitos. <br /><br /><strong>O<em> teu silêncio é a força da discriminação</em></strong>, gritou-se sábado na marcha. E com toda a razão!Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-66690291042073111042007-06-24T13:00:00.000+01:002007-06-24T14:14:25.648+01:00Homem ou mulher, amo quem quiser!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6JTJjsqi8iU4tNX7K2ixxLU12TV8XGgKF_gzAcikPe6_NhwuUCWmitI8aP6-b2-rUQE_B7ZSf2CmauKKndDMZ8DvRSqlWMVKYxk3Po-Eldhvxbwei9VY0qaT4WSHSc5W0jnt5LA/s1600-h/Bandeira+gay+02.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5079617405384699074" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand; HEIGHT: 132px" height="127" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6JTJjsqi8iU4tNX7K2ixxLU12TV8XGgKF_gzAcikPe6_NhwuUCWmitI8aP6-b2-rUQE_B7ZSf2CmauKKndDMZ8DvRSqlWMVKYxk3Po-Eldhvxbwei9VY0qaT4WSHSc5W0jnt5LA/s200/Bandeira+gay+02.jpg" width="200" border="0" /></a>Às vezes penso que o Diário de Notícias sofre de alguma forma de esquizófrenia jornalística. Às vezes até olho com desconfiança para qualquer notícia mais agradável - ou redigida de um modo menos conservador - naquela de que a coisa só pode trazer água no bico. Até porque já o fez no passado e por vezes o dito jornal mais parece uma segunda versão do Correio da Manhã. Hoje, no entanto, não resisto a citar a reportagem sobre a 8ª Marcha do Orgulho LGBT. Talvez seja a minha satisfação por ter finalmente sido uma manifestação mais festiva, como já acontece em tantos outros países, ou talvez sejam os detalhes da noiva e da senhora Filomena, cozinheira de um restaurante algures no percurso que a marcha tomou. Tenho gosto em ver e ler sobre estas pequenas manifestações de uma sociedade em mudança, onde, ao contrário do que sucede em países do leste europeu, não ficou o registo de violência homofóbica, mas sim o de apoio espontâneo de quem vê passar. O artigo original pode ser lido <a href="http://dn.sapo.pt/2007/06/24/sociedade/seja_homem_mulher_amo_quem_quiser.html">aqui</a>:<br /><br /><span style="color:#000099;">Eram quase seis da tarde quando, depois de dizerem o sim, Sofia e Ricardo saíram da Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, em Lisboa, e foram surpreendidos por uma manifestação de cor-de-rosa, amarelo e laranja. A noiva, de branco vestida, estendeu os dedos num "v" de vitória, mostrando que simpatizava com quem pedia "sem atraso, sem demora, casamento civil agora", e puxou o marido para um beijo simbólico, rodeado de gays, lésbicas e transexuais que gritavam, entusiasmados, "nem menos, nem mais, direitos iguais".<br /><br />O encontro em pleno Chiado não estava na agenda da 8.ª Marcha do Orgulho LGBT, mas não podia ter sido mais aplaudido: é que o casamento homossexual é uma das principais bandeiras das cinco associações organizadoras do evento: Ilga, Clube Safo, Não Te Prives, Panteras Rosas e UMAR - União Mulheres Alternativa e Resposta. "Nós também somos famílias", lia-se na faixa que abria a manifestação. Por isso, o direito ao casamento e à parentalidade (a adopção e ainda os direitos dos companheiros de pais e mães homossexuais) são talvez as reivindicações mais partilhadas pela comunidade, a par, é claro, do fim da discriminação de facto - aquela que "não está na lei mas na cabeça das pessoas", como explica Paulo Corte Real, da Ilga. Nas escolas, nos tribunais, nos hospitais, no contacto com a polícia.<br /><br />Pela primeira vez, a marcha não desceu a avenida da Liberdade. Perdeu-se em organização mas ganhou-se em ambiente festivo e em contacto com a comunidade. "Na avenida é preciso saber e querer ir, aqui não, já é um espaço gay friendly", explica Paulo Corte-Real. "E há uma outra ligação à cidade." A música de George Michael não foi suficiente para interromper os habituais jogos de sueca no Príncipe Real. Mas Gloria Gaynor fez correr Filomena, a cozinheira do restaurante Sinal Vermelho, até à rua São Pedro de Alcântara. Veio ainda de avental branco e touca na cabeça para ver a agitação e dizer que acha "muito bem". No Chiado, uma mãe explicava à atónita filha de cinco anos que "às vezes há homens que gostam de outros homens". A marcha entrou no Rossio com Madonna cantando Like a Prayer e, depois, a festa prometia continuar, pela noite fora, no arraial da Praça do Comércio. Há quem ache que fazem barulho a mais, mas os manifestantes preferem dizer: "o teu silêncio é a força da discriminação."</span>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-65784840479861526472007-06-22T16:36:00.000+01:002007-06-22T16:53:09.860+01:00A pobreza democrática de Marques Mendes<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCJlkIzHo-RGUOJW5sSmP72yZZlGBbWyCYJzSrpwEIeqDBE6-2oaIhs7CGfREUH6-dOwH8hnlcqK_6ThnPhVE8Iru_LuUi0tsEJS3HkfVXdLcpxMQTfERjhkwpfyt4ZeXVFWUBtg/s1600-h/Parlamento+01.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5078913571914034338" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 211px; CURSOR: hand; HEIGHT: 286px" height="307" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCJlkIzHo-RGUOJW5sSmP72yZZlGBbWyCYJzSrpwEIeqDBE6-2oaIhs7CGfREUH6-dOwH8hnlcqK_6ThnPhVE8Iru_LuUi0tsEJS3HkfVXdLcpxMQTfERjhkwpfyt4ZeXVFWUBtg/s320/Parlamento+01.jpg" width="211" border="0" /></a>O projecto que o PSD entregou ontem na Assembleia da República para a reforma da lei eleitoral é um exemplo acabado de tentativa de bipolarização parlamentar, de aumento de complexidade do sistema e de empobrecimento das condições de debate naquele que devia ser o orgão máximo de confronto democrático. A proposta (cujo texto se encontra disponível <a href="http://www.gppsd.pt/actividades_detalhe.asp?s=11595&ctd=4300">aqui</a>) é, por outras palavras, uma receita para uma democracia mais pobre e para um afastamento ainda maior entre cidadãos e a classe política. E essencialmente por duas razões.<br /><br /><strong>Em primeiro lugar</strong>, porque prevê uma redução do número de deputados dos actuais 230 para 181. Desce o número de representantes no parlamento, aumento a quantidade de votos necessários para a eleição de cada um deles. O que quer dizer que os pequenos partidos arriscam-se a ficar reduzidos a uma insignificância parlamentar ou mesmo à completa ausência na Assembleia da República. Ficamos reduzidos a uma dança exclusiva entre PS e PSD, com parcas ou nenhumas hipóteses de renovação da cena política portuguesa pelos entraves colocados ao crescimento de novas forças políticas. E como se os actuais não fossem já um problema.<br /><br />Diz o PSD que a redução do número de deputados tem por objectivo uma "<span style="color:#990000;">maior operacionalidade e eficácia do trabalho parlamentar</span>", ficando-se com a impressão que os parlamentos sueco, finlandês e dinamarquês - para dar apenas três exemplos nórdicos - devem ser um exemplo de caos e desgovernação absoluta. Senão vejamos: a Suécia tem cerca de nove milhões de habitantes e um parlamento com 349 deputados; a Finlândia tem uma população de sensivelmente cinco milhões e duzentos mil habitantes e um parlamento com 200 deputados; a Dinamarca tem cerca de cinco milhões e meio de habitantes e um parlamento com 179 deputados, quase tantos quantos aqueles que o PSD quer que passem a representar dez milhões de portugueses e ainda os emigrantes. E atenção que no sistema dinamarquês a Gronelândia e as Ilhas Faroe elegem apenas dois representantes cada. Portanto, das duas uma: ou o PSD vê as democracias nórdicas como um exemplo a não seguir por serem mais plurais que a portuguesa, ou os nossos sociais-democratas são do mais provinciano que se pode conceber por fazerem de quantidade um equivalente necessário de qualidade. E com pessoas com uma mentalidade dessas, nem com dez deputados apenas a Assembleia da República ia ser um exemplo de excelente trabalho.<br /><br /><strong>Em segundo lugar</strong>, porque a introdução dos círculos uninomiais do modo que o PSD propõe aumenta a complexidade do sistema eleitoral. Numa mesma câmara parlamentar passa haver um único representante por cada círculo continental, mas vários das regiões autónomas por estas manterem círculos plurinominais e ainda os deputados eleitos por um único círculo eleitoral nacional para determinar qual o partido que deve ter o governo do país. É tudo ao molhe e fé no que quer que seja, menos na clareza de funcionamento do sistema. Se hoje o cidadão eleitor já sente um desfazamento entre o seu voto e o resultado final na composição da Assembleia da República, maior será esse sentimento com o emaranhado que se quer criar.<br /><br />Não que a ideia dos círculos uninominais seja necessariamente má. Sobre o tema, aliás, veja-se <a href="http://graodeareia-attac.weblog.com.pt/arquivo/176229.html">este</a> artigo de 2005 do António Barreto. O sistema que o PSD propõe, no entanto, não só pouco ou nada resolve na questão da representatividade, como lhe acrescenta uma nova camada de complexidade. Até porque perpetua a confusão entre representantes únicos de círculos eleitorais regionais com representantes partidários, sujeitos à lógica da disciplina e orientações políticas de uma força política. Se se quer mesmo que deputados de círculos uninominais falem efectivamente pelas populações que os elegeram, pois então separem-nos da representatividade partidária. Reinstitua-se um Senado, se preciso for, para nele terem lugar os representantes de distritos e regiões, eleitos individualmente e sem sequer apoios verbais de partidos políticos. A actual câmara legislativa ficaria entregue aos deputados de um único círculo nacional - regiões autónomas incluidas - e de preferência num número nunca inferior ao actual.<br /><br />Quando nos boletins de voto para a Assembleia da República os eleitores passarem a ter nomes e não apenas siglas e símbolos partidários, quando começarem a identificar os seus representantes regionais ou distritais também pelos nomes e não pelo partido pelo qual foram eleitos e ao qual estão sujeitos, aí sim teremos dado um passo importante em direcção a uma aproximação entre eleitores e eleitos. Manter a lógica partidária tal como está, com a agravante de torná-la mais complexa e bipolar, é tudo menos prestar um bom serviço à democracia.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-69026788110248956632007-06-21T07:21:00.001+01:002007-06-21T07:40:36.403+01:00Solstício de Verão 2007 (ii)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsIybkaMiNQ-Xk8hWOYjqH9gDPtJPSD3YphXQ7nt8-Afh9nlflY4SYqaRwiLFU_YJKeqUY-eGJplnRI3Cqdkvdtw7F4Ym1IQU0T3LxI1ao8x2ed_cV2VFa-LOLvjiw84AJr-zCTw/s1600-h/Solsticio+02+2007.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5078398978997398674" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsIybkaMiNQ-Xk8hWOYjqH9gDPtJPSD3YphXQ7nt8-Afh9nlflY4SYqaRwiLFU_YJKeqUY-eGJplnRI3Cqdkvdtw7F4Ym1IQU0T3LxI1ao8x2ed_cV2VFa-LOLvjiw84AJr-zCTw/s320/Solsticio+02+2007.JPG" border="0" /></a><br /><strong><div align="center">...assim se ergueu!</div></strong><br /><br />O sol nasceu radiante e glorioso para o seu expoente máximo e o dia mais longo do ano. Hoje o ciclo atinge o auge crescente do ano solar, hoje o astro-rei que é fonte de vida está na sua máxima força. Que chova, se tiver mesmo que ser, mas que se ponha cá p'ra fora toda a vitalidade que se conseguir. Até porque amanhã o ciclo já será outro, amanhã será o primeiro dia do lento decrescer dos dias até ao solstício de Inverno e a noite mais longa do ano.<br /><br /><strong>Feliz solstício de Verão! :D</strong>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-3234393712158625172007-06-20T21:46:00.000+01:002007-06-20T21:50:04.095+01:00Solstício de Verão 2007 (i)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2b4LO0cgRjJqVHhXGxP3c2UAZVlwY-DW2pg8Q-oMEDvMoZxUMtJ9Qzkc9wW-I-_F_3tRXyYJuglOItERd9WiOmft24PDxFN2UhY9ZjCp4t3o_F0eNS0ey1e91s0MtZ2bY-q4jNw/s1600-h/Solsticio+01+2007.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5078251038848887938" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2b4LO0cgRjJqVHhXGxP3c2UAZVlwY-DW2pg8Q-oMEDvMoZxUMtJ9Qzkc9wW-I-_F_3tRXyYJuglOItERd9WiOmft24PDxFN2UhY9ZjCp4t3o_F0eNS0ey1e91s0MtZ2bY-q4jNw/s320/Solsticio+01+2007.JPG" border="0" /></a><br /><strong><div align="center">Assim se pôs...</div></strong>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-61004268329596777472007-06-20T17:24:00.000+01:002007-07-08T20:43:21.123+01:00A Europa de DurãoNa senda do Tratado Europeu que se quer Constituição, mas que antes de o ser já é só "mini" e foge-se com ele dos referendos como numa fuga que envolva rabos e seringas, eis que o Barroso, querendo talvez fazer jus ao seu nome de Durão, <a href="http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1297143&idCanal=11">ameaçou a Polónia com a perda de apoios comunitários</a> caso o governo de Varsóvia continue a bloquear a gloriosa marcha em frente do dito Tratado. Desconheço se seria legal ou sequer legitímo fazê-lo, mas das palavras da Comissão Europeia não se deixa de ficar com a impressão de que os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos comunitários valem menos do que o funcionamento das instituições europeias, como se elas fossem um fim em si mesmo. Ou que a Polónia tem rédea mais ou menos comprida para se comportar como bem entende, desde que não interfira no trabalho conjunto de todos os membros. Ou, ainda, que a possibilidade de perda de apoios comunitários não se aplica à violação de príncipios fundacionais da União Europeia como o respeito pelos Direitos Humanos.<br /><br />De que outro modo se deve entender o facto de as <a href="http://pinhoada.blogspot.com/2007/04/polnia-de-autoritarismo-em.html">perseguições</a> políticas, religiosas, homofóbicas e misógenas do governo polaco nunca terem merecido semelhante ameaça da parte de Durão Barroso?Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-65320036028794530492007-06-16T02:19:00.000+01:002007-06-16T16:44:20.741+01:00Claro que primeiro convém legalizá-losConsta que a candidatura de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa está aberta à realização de casamentos civis no Salão Nobre dos Paços do Concelho como parte integrante das festas casamenteiras do Santo António. Diz ainda a mesma fonte que a mesma candidatura está aberta à inclusão de casais homossexuais nessa cerimónia civil, ou, pelo menos, assim consta pelas <a href="http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/aQnS8/jAL44I9KPd6eQ+JA.html">palavras de Ana Sara Brito</a>, número três da lista do PS (obrigado, João!). Uma proposta que seria certamente empolgante, não fosse o facto de os casamentos entre homossexuais não serem ainda permitidos.<br /><br />Claro que a mesma senhora faz questão de dizer que o acesso ao matrimónio civil por parte de casais do mesmo sexo é um direito que eles, os socialistas, defendem, não se sabendo, no entanto, se isso quer dizer que os seus colegas deputados vão mesmo passar da defesa teórica à prática legislativa até 2009, ou se a proposta da candidatura de António Costa foi feita com a segurança de quem sabe que nunca terá que a concretizar, porque o grupo parlamentar do PS não irá mexer no artido 1577º do Código Civil nos próximos anos.<br /><br />De boas intenções já se sabia estar o inferno cheio, mas parece que o Partido Socialista também, principalmente se der votos extra entre lésbicas e gays.Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8875347.post-55035618422032427252007-06-10T20:56:00.001+01:002007-06-10T22:30:52.585+01:00Dia da Pátria (iii)<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1b3SCpWTbFJInf6Il6vdC8Py5jLPDYf-VbhnimiDJt1FBIKbX47vu1FEPTdHEOGp4oQmMNKD808RRgrtP7xiXqX7brEx7QwZyPPB9IGu1evi-kTmTga37jWH64-0zhHSktQQGyg/s1600-h/Portugal+-+1816.GIF"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5074527349447896146" style="WIDTH: 186px; CURSOR: hand; HEIGHT: 135px" height="135" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1b3SCpWTbFJInf6Il6vdC8Py5jLPDYf-VbhnimiDJt1FBIKbX47vu1FEPTdHEOGp4oQmMNKD808RRgrtP7xiXqX7brEx7QwZyPPB9IGu1evi-kTmTga37jWH64-0zhHSktQQGyg/s200/Portugal+-+1816.GIF" width="200" border="0" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuHIpepsD89tsmp2_m3abKcBbaZt1R4aWe_tn1MR6xWWf6sZuhG5muDSQ5V43zTDb_nby-XrVU24OgDb2zWdJvnnvzkcZnpcmfUpoKSMFWazvA_sfHarvR74R_vchEwMfxU_W-fw/s1600-h/Portugal+-+1830.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5074527650095606882" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuHIpepsD89tsmp2_m3abKcBbaZt1R4aWe_tn1MR6xWWf6sZuhG5muDSQ5V43zTDb_nby-XrVU24OgDb2zWdJvnnvzkcZnpcmfUpoKSMFWazvA_sfHarvR74R_vchEwMfxU_W-fw/s200/Portugal+-+1830.gif" border="0" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc5lV6FXs52t7fos_WkJHo3_2O2ohhjf2-J0pNzeQT2sU5SAXBCE_vrig-NYx4h_J2fp0JbL_jH3u3EXv4oMWNJ2L2gvSMNlt51JV1nnIl3xrCcxLL7g6pvze-MkMET9qLGfEbrQ/s1600-h/Portugal+-+1910.gif"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5074527761764756594" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc5lV6FXs52t7fos_WkJHo3_2O2ohhjf2-J0pNzeQT2sU5SAXBCE_vrig-NYx4h_J2fp0JbL_jH3u3EXv4oMWNJ2L2gvSMNlt51JV1nnIl3xrCcxLL7g6pvze-MkMET9qLGfEbrQ/s200/Portugal+-+1910.gif" border="0" /></a></div><br /><br /><div align="center"><em>Eis aqui, quase cume da cabeça<br />De Europa toda, o Reino Lusitano,<br />Onde a terra se acaba e o mar começa<br />E onde Febo repousa no Oceano.<br />Este quis o Céu justo que floresça<br />Nas armas contra o torpe Mauritano,<br />Deitando-o de si fora; e lá na ardente<br />África estar quieto o não consente.<br /><br />Esta é a ditosa pátria minha amada,<br />À qual se o Céu me dá que eu sem perigo<br />Torne, com esta empresa já acabada,<br />Acabe-se esta luz ali comigo.<br />Esta foi Lusitânia, derivada <br />De Luso ou Lisa, que de Baco antigo<br />Filhos foram, parece, ou companheiros,<br />E nela então os íncolas primeiros.</em><br /><br /><strong>Luís Vaz de Camões</strong>, <em>Os Lusíadas</em>, III:20-1</div>Héliocopterohttp://www.blogger.com/profile/11562097542816414346noreply@blogger.com3