sábado, dezembro 11, 2004

Primeira pinhoada

E ao nono dia do nono mês Ele desceu da montanha envolto em chamas e disse: Oh! Tu! E perguntei: Quem, eu? E Ele disse: Não, 'mor, a minha falecida tia que veio ao mundo como homem! Questionei-o sobre o que é que queria, ao que ele me respondeu envolto em luz e rodeado de jovens extremamente atraentes vestidos apenas com uma tanga (chamam-se anjos, mas podem tirar o cavalinho da chuva que eles não têm sexo!): Tomai este cálice e esta coroa, ide e coloquai-a sobre a cabeça de tudo o que transpirar vida!

Dilema, ó dilema! Porque é que eu havia de obdecer ao mandamento de um pinheiro andante e ardente que não se consumia? A minha massa cinzenta contorcia-se com questões pertinentes: um, porque é que ele ardia e ardia, mas não passava a carvão e cinza? Dois, a trabalheira que iria dar estar a coroar tudo o que transpirasse e ainda por cima vida, logo o tipo de coisas que o Rexona não detecta! E três, porque é que os anjos não têm sexo? Tudo se esclareceu quando eu senti o meu corpo embater em algo e perguntei o que é que eu estava a fazer de cara espalmada no chão ao lado da cama? No dia seguinte, numa fria noite de Dezembro cheia de estrelas e num quarto algures em Alcobaça, nascia o blogue Coroas de Pinho, ainda numa encarnação primitiva, sem mãe virgem ou pai carpinteiro, mas na companhia de uma cadela (melhor que um burro, a menos que ele fosse mirandês). Assim foi escrito e assim foi feito!

Sim, eu bem sei que isto não é exactamente uma oração da Santa Granada de Mão dos Monty Python, mas sempre é uma história bem mais colorida do que simplesmente dizer que me apeteceu criar o blogue :p Ao desejo de ter um espaço próprio na internet, juntou-se o de querer participar activamente na blogosfera portuguesa activa na vida cívica do país, atenta às questões políticas, sociais e culturais. Surgiu, então, o Coroas de Pinho, saído de uma encarnação anterior ligeiramente diferente e apresentando-se no presente formato como um blogue pesssoal, manifestamente pagão, pró-Galiza e reintegracionista, ambientalista, anti-homofóbico, republicano, tendencialmente blasfemo, algo tolkienesco e, no bom sentido da palavra, provinciano q. b. :)

Que faça rir, que arranque um suspiro, que solte valentes gargalhadas; que nutra laços - velhos e novos - que anime vontades ou que dê simplesmente ideias de saltar e cantar mais que uma bacante embriagada à solta pelas colinas gregas. Que seja, por outras palavras, digno da árvore que lhe dá nome: vibrante, pujante, nutridor, protector e persistente. Enquanto isso, vai-se continuar a não saber porque é que os anjos não têm sexo...

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