segunda-feira, junho 13, 2005

Temos tirso!

Fi-lo hoje, depois de ontem ter apanhado umas pinhas quando fui andar de bicicleta, mas para ser sincero não sei se estou a usar o termo correcto. Um tirso era e é uma vara ou cana usada nos rituais dionisacos, enfeitada com hera e/ou ramos de vinha e coroado com uma pinha (ou cachos de uvas ou ainda mais hera). Por exemplo, veja-se esta imagem de uma taça grega, onde o deus Dionysos segura um tirso, ou leia-se as Bacantes do Eurípides:

"Bem aventurado o ditoso
que conhece os mistérios divinos
(...)
brandindo o tirso,
coroado de hera,
presta culto a Diónisos." *
(70-81)

[as bacantes] "Coroaram-se de folhas de hera, de carvalho, ou de flores de alegra-campo. Uma pega no tirso e bate com ele na rocha: fresca, jorra daí água orvalhada." *
(700-705)



Mas esta vara em particular não tem nem hera, nem folhas de vinha, porque foi feita a pensar no deus Freyr. Simplesmente é impossível negar as óbvias semelhanças com a de Dionysos, logo é difícil não lhe chamar tirso e eu não sei que outro nome lhe dar: não há registos, escritos ou arqueológicos, de uma coisa do género no culto do irmão gémeo da Freya.

Não obstante, vejo-o como apropriado para o Freyr: a vara neste caso é de aveleira, uma árvore que não só fornece alimento ao javali - animal por excelência do deus -, como tem algumas associações à fertilidade; o mesmo se pode dizer do pinheiro, pois ao continuar verde no Inverno facilmente representa virilidade e o triunfo da vida sobre a morte. A própria pinha tem uma conotação fálica logo, juntando-a à vara, o que eu tenho é, basicamente, um grande dildo muito bem disfarçado, LOL! E sim, disso temos registos quanto a cultos na Escandinávia Antiga, nomeadamente uma referência escrita ao templo pagão de Uppsala, na Suécia, onde o deus Freyr parece ter sido representado por um falo, ou a sua estátua era dotada de um muito grande.

Pronto Miz, podes-me bater :]


* - Cfr. Eurípides, As Bacantes, tradução de Maria Helena Rocha Pereira, Edições 70, 1998

Nota: A quem ache esta entrada imoral ou demasiado estranha, eis o meu conselho: abrir a mente e ler, ler muito! Um pouco menos de pudor e um pouco mais de cultura geral só faz é bem ;)

1 comentário:

Anónimo disse...

*strash* - estalo bem sonante e dramática. Agora cá entre nós... já pensaste em comercializá-las? Anda aí muita gente desesperada... ****