Tudo na mesma
Parece que na blogosfera portuguesa poucos ou ninguém deu por isto (ou eu não li por estar meio ausente), mas é daqueles casos em que uma pessoa pode exclamar «ainda bem!» com toda a satisfação.
Depois de nas últimas eleições canadianas os conservadores terem prometido não deixar morrer a luta contra os casamentos homossexuais - legais em todo o Canadá desde Julho de 2005 - a questão voltou ao parlamento em Ottawa no passado dia 8. A debate foi uma moção que pretendia restaurar a exclusividade legal da definição tradicional de matrimónio, muito embora não pedisse a anulação dos casamentos gays entretanto realizados. O resultado da votação foi de esboçar um sorriso: 175 contra, 123 a favor. Moção rejeitada, o Canadá não irá voltar atrás no tempo! :D
A vitória ficou a dever-se aos nacionalistas do Quebeque e aos Liberais, que não tiveram aquele receio tão português em impôr disciplina de voto em matérias de direitos, liberdades e garantias. De notar ainda que doze deputados conservadores, entre eles alguns ministros do actual governo canadiano, votaram igualmente contra a moção. Aliás, corre o boato de que o próprio Partido Conservador estava interessado em arrumar esta questão sem alienar o eleitorado mais moderado e mesmo assim dar milho p'ra comer aos canadianos que vêem nos casamentos gays o fim da civilização. Pena que não o tenha feito com estirilizante...
Já em Portugal, os socialistas estão indecisos entre atirar a questão para as calendas gregas ou ficar-se pelo gueto legal de "contractos civis", enquanto o PSD diz que não é prioridade (apesar de não ter problemas em avançar com um Dia Nacional do Cão) e o PP diz-se defensor das tradições nacionais, nas quais o casamento homossexual não está naturalmente incluido. Dado que os casamentos civis só foram instituidos há cerca de cem anos, é possível que os populares estejam a preparar um projecto lei que extinga de uma vez por todas o matrimónio pelo Estado, já que até à data da sua criação também não fazia parte da tradição portuguesa. E se não estão a redigir o projecto, então deviam: o mínimo que se pode pedir à direita é coerência.
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