Façam greve... por favor!
Fartos de salários em atraso, de horários de trabalho excessivos, de ordenados minimalistas com contas por pagar lá em casa, cansados de viver em habitações sociais minúsculas para famílias numerosas, de terem que compensar uma deficiência física com dinheiro do seu próprio bolso e agora terem que pagar 100% de IRS sobre os seus vencimentos, os jogadores profissionais de futebol ameaçam entrar em greve. Bem, nesta história toda pelo menos isto é verdade.
Aguardemos com alegria o cancelamento do campeonato nacional de futebol, nomeadamente as divisões de topo, livrando-nos, assim, temporariamente da atenção excessiva, da importância despesista e do valor hiper inflacionado que neste país se dá "à bola". Tão bom que seria um Portugal onde o futebol não abrisse noticiários, não controlasse programas de tempos-livres de escolas e municípios, não consumisse orçamentos para a cultura, não fosse o tema central do jornal mais lido, não monopolizasse o sentido de cidadania e de patriotismo, não servisse de desculpa para deslocações ao estrangeiro de alguns deputados, não justificasse alterações à ordem de trabalhos do Parlamento, não equivalesse a desenvolvimento nacional e não degolasse o bem comum em devaneios urbanísticos com o indevido aval do poder local. Thomas Moore não teria imaginado coisa melhor caso escrevesse uma nova Utopia.
Sim, façam greve! Durante muito tempo! E não se fiquem por aí... por favor! O país agradece!
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