Aparência e não conteúdo
O senhor presidente do Parlamento da Madeira é uma pessoa de bem. O senhor presidente do Parlamento da Madeira é um homem consciente da maneira como se apresenta aos outros. O senhor presidente do Parlamento da Madeira tem muito chá, é 'ça lá!, 'tão não!, 'tá a ver! e acha que quem não se sabe vestir como deve ser não deve passar para lá da porta de entrada da assembleia regional. A regra aplica-se pelo menos aos jornalistas, já que seis deles foram impedidos de entrar no parlamento no Funchal por não usarem a indumentária apropriada. Sapatilhas, chinelos, calças de ganga e camisolas são peças de roupa mundanas, pouco formais, poucos respeitáveis, confundem-se com a gente comum e, por isso mesmo, proibidas. Não são dignas de pessoas de bem e importantes como o senhor presidente do Parlamento da Madeira, para quem, às tantas, a qualidade do trabalho e as capacidades intelectuais de uma pessoa são passíveis de ser avaliadas pela forma como ela se veste.
Grande escândalo seria o seu se visse o que eu vi na Suécia: professores universitários que dão as aulas de sapatilhas e fato de treino, de piercing na sobrancelha, de calças de ganga e chinelos, de boné e calções. E todos eles académicos reconhecidos com trabalho publicado, sem que ninguém os "aconselhasse" a leccionar com uma indumentária mais "respeitável", a exercer a profissão de docente com uma roupa mais formal. Pelo contrário, o que interessa é o conteúdo, não tanto a aparência exterior. Não deixa de ser sintomático da mediocricidade portuguesa que se dê maior valor ao que se veste do que ao mérito intelectual, use ele que roupa usar, mundana ou não.
4 comentários:
Nunca a expressão "O hábito não faz o monge" obteve um sentido tão completo!
A Suécia é de "outro planeta", lá as pessoas têm de ser afirmar, imagine-se, pelas suas potencialidades. Cá é que é, as pessoas afirmam-se pela indumentária e ainda acompanham a indumentária de mega-imbelicidade. Verdadeiros heróis, ou não fosse já o peso e aperto da indumentária suficientes ainda se acresce o peso da imbecilidade...que, apesar de tudo, tende a pesar mais nos outros do que no imbecil em si.
Ah! Ao menos faziam como eu e colocavam uma gravata... Aposto que até a Avril Lavigne lá entrava.
De qualquer forma, vou analisar este caso! O povo não pode ser humilhado desta maneira... :P
Chama-se a isto provincianismo, misturado com pateguismo e com quero-posso-e-mando.
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