quarta-feira, setembro 06, 2006

Assim se vê a consciência do PC

Consta que da última Festa do Avante fez parte uma banca das FARC, as Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia, grupo guerrilheiro originalmente braço armado do Partido Comunista Colombiano (PCC) e do qual acabou por se separar para fundar o PCC Clandestino. Classificadas como grupo terrorista pela União Europeia, as FARC são responsáveis por produção e tráfico de droga, extorsões e sequestros de cidadãos colombianos e estrangeiros como forma de financiamento, além do rapto de crianças para engrossar as suas fileiras militares. Ainda hoje as FARC mantêm refém Íngrid Betancourt, candidata à presidência colombiana em 2002 e raptada pelos guerrilheiros no mesmo ano. Foi este grupo que o PCP aceitou ver representado na Festa do Avante, dando azo a uma polémica crescente na blogosfera (ver aqui, aqui e aqui, por exemplo) e que era bom que chegasse de facto à Assembleia da República.

Para ser sincero, não me espanta que o PCP se comporte deste modo. Basta lembrar que todos os anos a Festa do Avante acolhe uma delegação do Partido Comunista Chinês, sem que nunca se tenha ouvido da parte dos altos orgãos dirigentes dos comunistas portugueses uma clara e coerente condenação da ocupação do Tibete. Não consta que o Comité Central critique ou tenha criticado as atrocidades cometidas durante a invasão, os limites à liberdade religiosa no planalto tibetano, o rapto do jovem Panchen Lama, a política populacional chinesa que visa manter o tibetanos uma minoria no seu próprio país ou sequer a destruição do património natural do Tibete, não obstante o PCP concorrer a todos os actos eleitorais portugueses em coligação com um partido dito ecologista. Também não parece interessar muito ao Comité Central as constantes violações dos Direitos Humanos, os limites à liberdade de expressão, os atentados ambientais no resto da China e as condições de trabalho de muitos operários chineses.

A herança de Cunhal é pesada e a fidelidade ideológica do PCP é acritica e cega, mesmo quando o comunismo dos seus aliados já só é apenas nominal. Tudo se perdoa quando outros usam a foice e martelo e gritam «Avante camarada!» em alto e bom som, esquecendo-se a tortura, execuções, raptos, exploração, perseguições, sequestros, extorsões, lentos genocídios e crimes ambientais desde que cante tudo alegremente à volta de uma qualquer fogueira de uma qualquer Internacional Comunista. Surpreende que as FARC tenham estado presentes na Festa do Avante? Porque é que não haviam de estar se elas representam um partido comunista, clandestino e criminoso que seja?

O PCP que se explique na Assembleia da República e o governo que esclareça se as forças de segurança estiveram atentas as quaisquer membros ou representantes das FARC que tenham estado em Portugal. Enquanto isso e porque o facto do Partido Comunista Português ter sido igual a si mesmo não deve tornar a sua atitude menos condenável ou os problemas por ele ignorados menos graves, aqui fica ligação para a página oficial da campanha em prol da libertação de todos os que foram sequestrados pelos guerrilheiros colombianos:

Ingrid Bettencourt - campanha pela sua libertação

Vai-se juntar a outras causas já na coluna direita do Coroas, onde também já está representada a campanha Salvem o Tibete.

3 comentários:

Anónimo disse...

tu és um grande ignorante!! e se podesse dáva-te uma galheta. é que nem te dava porrada pelo que dizes, pk só provas ser uma autentica besta ignorante e desinformada... tenho pena de ti... mas confesso que gostaria de saber o que pensas do feudalismo dos monges tibetanos... podia ser interessante começares por aí.

um abraço sem nenhuma consideração! até um dia! ou não...

Anónimo disse...

mais uma coisa... pode ser que aprendas alguma coisa... www.resistir.info mas tem cuidado que isto são só terroristas, malfeitores e seres do demo...

Héliocoptero disse...

Caro Félix:

O feudalismo tibetano e o regime teocrático que o suportava resolvia-se por meio de reformas democráticas, não por via de pilhagens, tortura, genocidio, justiça arbitrária, perseguições, destruição de património cultural e natural.

Se, pelo contrário, acha que a coisa foi bem resolvida do modo que o comunismo chinês o fez (e faz), então mais vale mandar para o lixo os valores democráticos e humanistas que a Esquerda portuguesa tanto diz defender todos os anos nas comemorações do 25 de Abril.

É que caso não tenha reparado, o que essa data implica para Portugal é precisamente aquilo que o Tibete em particular e a China em geral não têm: liberdade de opinião, de associação e de religião. Portanto, das duas uma: ou você condena o comunismo chinês, ou condena o 25 de Abril. Decida-se!