quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O Pior de sempre (pelo menos no último século)

Está eleito o vencedor do concurso O Pior Português de Sempre na categoria de Político que mais contribuiu para a ruína do nosso País. O vencedor é, muito justamente, alguém que está morto e enterrado, mas continua a dar audíveis voltas no caixão: António Oliveira Salazar.

Não que o estado de coisas actual tenha as suas raízes no século XX ou se deva à obra e infortunado legado de uma pessoa apenas. Por mim, eu começava logo com D. Manuel I, ele que teve a ironia de ser rei no nosso expoente máximo e, simultâneamente, um exemplo vivo das causas da nossa lenta decadência desde então: novo riquismo, incompetência e falta de visão. Ou não tivesse sido ele o responsável pela nossa primeira fuga de cérebros quando se decidiu pela expulsão de Portugal de todos os judeus não convertidos, privando-nos, assim, de uma elite financeira e cultural que tanto contribuiu para o sucesso dos Descobrimentos.

Mas Salazar... Salazar é a mais recente de entre as grandes causas do estado do país. O homem que nasceu pobre e deu graças aos céus por ser pobre fez questão de manter a maioria dos portugueses nessa condição de agradecida penúria. Medíocre, mesquinho, rato de sacristia e provinciano no pior sentido da palavra, Salazar deixou-nos um país fechado ao mundo, dormente num sonho colonial, parco em infra-estruturas e com uma das maiores taxas de analfabetismo da Europa. Uma herança pesada que ainda hoje se faz sentir na nossa fraca competitividade, nos argumentos de "portas" e "calçadeiras" de acesso aos países africanos (como se África precisasse da autorização de uma metrópole), na frequente ignorância do que de melhor se cria e faz do outro lado da fronteira, na ausência de boas práticas de ordenamento e planeamento, na fraca consciência cívica e na falta de uma população toda ela instruída de modo a estar apta para uma vivência crítica em democracia e enfrentar os desafios do século XXI.

E ainda há quem ache que aquilo de que o país precisa é de outro Salazar, como se mais cinquenta anos de atraso em relação ao resto da Europa fosse a solução para o nosso problema de... atraso.

1 comentário:

Pedro Fontela disse...

Com a lavagem que alguns sectores estão a promover ao estado novo, qualquer dia ainda se lamenta publicamente o 25 de Abril...