Ser ou não ser nação
E se sim, se é ou não parte integrante do Canadá. O nacionalismo quebequiano volta a agitar as águas políticas canadianas com uma moção que pede aos parlamentares em Otawa que reconheçam ao Quebeque o estatuto de nação. O primeiro-ministro conservador Stephen Harper já veio dizer que sim, mas apenas dentro de um Canadá unido, enquanto o líder da formação nacionalista Bloc Quebecois responde que não compete ao chefe do executivo decidir qual será a opção dos quebequianos. É o último episódio de realce na longa história de nacionalismo daquela província francófona, datado do princípio dos século XIX, ainda no rescaldo das revoluções americana e francesa e por alturas da ascenção à independência das colónias europeias na América central e do sul. De lá para cá as mutações têm sido várias, de autonomismo a nacionalismo territorial ou católico, acabando o Canadá por emergir como um Estado federal e bilingue. Pelo caminho ficaram também dois referendos à soberania do Quebeque, um em 1980 e outro em 1995, ambos com uma vitória do não, pese embora a segunda consulta popular tenha sido polémica pelo resultado à justa e pelas acusações de fraude. Iremos assistir a um novo referendo em 2007 ou 2008? Talvez sim, talvez não. As palavras do líder do Bloc Quebecois dão a entender que vontade não falta, mas os conservadores no poder não são conhecidos como particulares entusiastas da ideia.
A questão do Quebeque está, no entanto, de volta à agenda política e a resposta ao género de «uma no cravo e outra na ferradura» de Stephen Harper demonstra a delicadeza da situação: reconhecer o estatuto de nacionalidade é dar novo folego às aspirações do Quebeque à independência, mas recusar a moção pode dar argumentos aos nacionalistas que acusam o governo central de ignorar aquela província.
Sem comentários:
Enviar um comentário