Fumar na mesma como a lesma
Inicialmente, era interdito fumar em todos os estabelecimentos de restauração com menos de 100 m2. Na versão final, os proprietários poderão escolher se os espaços são livres de fumo ou para fumadores
As frases citadas são um excerto desta notícia do Diário de Notícias. O PS, fazendo honra aos brandos costumes da política portuguesa (frouxidão, portanto), acabou por recuar na nova lei do tabaco e parece que agora os donos dos estabelecimentos de restauração com menos de 100 m2 vão poder escolher entre proibir ou não proibir o consumo de tabaco. Chamam-lhe uma lei equilibrada e ponderada, eu chamo-lhe uma receita para ficar quase tudo na mesma como a lesma.
A partir do momento em que a proibição deixa de ser igual para todos e passa a depender da vontade do proprietário, o cenário mais óbvio é que nada vai mudar, porque poucos ou nenhuns correrão o risco de proibir tabaco no seu espaço com medo de perder clientes para qualquer outro estabelecimento onde se possa fumar à vontade. A certeza da lei dá lugar à dúvida sobre a concorrência, as preocupações com a saúde alheia perdem importância face a leis de mercado. De responsável e ponderado isto não tem nada, é apenas mais uma amostra daquele modo muito peculiar de fazer política em Portugal: mudar para que fique tudo na mesma. E ainda por cima com o contributo de partidos de esquerda! Nunca se sabe mesmo quem serão os próximos a dar o seu aval a formas questionáveis de livre concorrência...
Pela minha parte, os meus amigos ficam já avisados que terão que me chatear mesmo muito para me convencerem a entrar em locais fechados onde seja permitido fumar. É que se o mecanismo de mudança de hábitos e protecção da saúde não é a legislação responsável, mas sim o peso do dinheiro, então podem ter a certeza que farei sobre os proprietários o mesmo tipo de pressão que os fumadores.
3 comentários:
Nao sou nem nunca fui fumador, mas nao me choca este tipo de legislacao. Desde que o estabelecimento esteja devidamente identificado, so la entra e trabalha quem quer. Isto e que e a verdadeira liberdade, e nao aquela que nos e imposta por burocratas!
Um abraco d'Algodres.
Pressupondo, é claro, que há um equilibrio entre o número dos dois tipos estabelecimentos, o que não é de se prever. E pressupondo também que um não-fumador consegue arranjar emprego em estabelecimentos sem fumo e não terá, por força da necessidade, que se sujeitar a trabalhar num onde se possa fumar sem problemas.
Volto a dizer: é pôr a saúde pública atrás da livre concorrência. Poucos hão-de ser os proprietários que se vão arriscar a proibir o consumo de tabaco com medo de perder clientes para quem o autorize.
I have a dream...
...de chegar ao pé de um tuga bigodaças que acabou de papar o bitoque e palitar os caninos e que está, qual Bóreo, a enviar nuvens de SG Ventil na minha direcção, e de lhe despejar um extintor em cima.
Pode ser que um dia...
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