Bandeiras alternativas (ii) - Escócia
Para quem já não se lembra do proposto nesta entrada, com o objectivo de avivar um pouco a consciência da riqueza vexológica de Portugal, ando a apresentar exemplos de bandeiras nacionais alternativas que coabitem nas ruas com a oficial. Depois da Irlanda, segue-se a Escócia onde, para além da de Santo André, é popularmente usada uma outra bandeira igualmente com origem no século XII: o Estandarte Real Escocês.
Os seus primórdios datam do tempo do rei Guilherme I, o Leão, monarca da Escócia entre 1165 e 1214. Apesar do seu reinado ter sido um dos mais longos da História daquele país, esteve longe de ser um dos mais bem sucedido e isto não obstante o seu cognome. Ainda assim, o uso do estandarte de Guilherme continuou com o seu filho Alexandre II, de cujo tempo data a primeira representação do leão num selo real. O tempo haveria de o enriquecer com a borda de flores-de-lís e fixá-lo como parte das armas reais e brasão nacional escocês, passando também a ser usado nas armas de famílias nobres, à semelhança do que sucedeu com o brasão português. Em 1603, o rei Jaime VI da Escócia sobe ao trono de Inglaterra e da Irlanda, concretizando, assim, a União das Coroas e que o levaria a incluir no estandarte escocês a harpa irlandesa e os três leões ingleses, conforme se pode ver aqui. A ascensão de Jaime, no entanto, não concretiza uma união dos reinos britânicos, algo que sucederá apenas com o Acto de União em 1707, altura que se fixa também o Estandarte Real Britânico na sua presente forma.
Actualmente - e em teoria - a bandeira do leão vermelho é de uso exclusivo da Casa Real e de mais umas quantas figuras de topo, sendo hasteada nas residências reais de Balmoral e Holyrood na ausência da rainha. O uso popular, no entanto, contraria sistematicamente a lei, já que o estandarte real escocês aparece frequentemente em concentrações nacionais e jogos de futebol, como se pode ver aqui. É, desse modo, um excelente exemplo de um símbolo nacional que do uso exclusivo da realeza e pela sua importância histórica foi tomado pelo cidadão comum para representar o seu país, tornando-se de uso corrente lado a lado com a bandeira oficial.
Se fosse em Portugal, qual seria a escolhida? A das quinas ou a da Restauração? Apenas dois exemplos para ir dando a deixa para as entradas seguintes ;)
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