Depois da Escócia, a Catalunha?
Depois da aprovação de um novo estatuto que aumenta as competências do governo da Catalunha, define-a como nação e reforça a normalização da língua catalã e após eleições autónomas antecipadas que reconduziram ao poder o tripartido, eis que em Barcelona reafirmou-se o passo seguinte: o direito à autodeterminação!
Foi esse o sentido das conclusões da assembleia geral extraordinária da Plataforma «Pelo direito a decidir», um grupo que congrega várias centenas de associações que têm vindo a reclamar o direito dos parlamentos autónomos dos Países Catalães de convocar um referendo à independência, à semelhança da hipótese que já se coloca para a Escócia. Poder-se-ia pensar que ninguém melhor do que um governo tripartido com os nacionalistas da Esquerda Republicana para dar voz a essa reivindicação, mas não é de esperar que isso aconteça. Não só por causa da ambiguidade dos resultados eleitorais do mês passado, mas acima de tudo porque a aprovação do novo estatuto da Catalunha encerrou um ciclo político de revisão dos direitos e deveres da Comunidade Autónoma. Voltar a mexer num documento que ainda mal começou a ser aplicado não será certamente uma hipótese. Assim sendo, a dita Plataforma decidiu desviar a sua atenção da classe política para se concentrar na sociedade civil, isto é, criar nesta uma onda de fundo que, a seu tempo, leve a reivindicação a bom porto. Não só isso, como pretende ainda internacionalizar o debate sobre a autodeterminação catalã (ver aqui), estando prevista para 2007 uma petição a favor da transferência para os parlamentos autónomos da referida competência.
Pelos motivos já enunciados, não tenho esperanças que isso aconteça brevemente ou que uma petição apenas seja suficiente. Mas é, não obstante, um esforço importante, até porque 2007 poderá abrir um novo debate caso a Escócia vá mesmo a votos sobre a sua independência. E se o sim ganhar, claro está.
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